A Minha Sanzala

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1 de dezembro de 2004

Preciso de sentar contigo frente ao zulmarinho com as birras bem geladas por perto para ajudar a falar-te de coração aberto, mostrando as fraquezas de me sentir tão pequenina nas grandes lições que ele nos traz. Não quero ter mêdo de te falar dessa senhora que sustenta com dificuldade 5 filhos sózinha e que reparte com os que a procuram pedindo ajuda. Desse garoto que ela me mostrou, que ela hoje não tem como ajudar, vindo do "mato" em tratamento com a Mãe e irmãos, e com Pai já falecido. De 16 anos e olhos assustados ele quer emprego sério porque ser "tio António" nem sempre garante dinheiro no dia, e a Mãe, que agora já não anda, precisa para sustentar os irmãos dele. A senhora pede com lágrimas nos olhos para que a ajude a ajudá-lo ... Não me lembro na altura de culpar nada nem ninguem . Só olho o rapaz , lembro o meu filho que acabei de deixar na escola , pego em dinheiro e dou. Olho os olhos molhados da senhora e sinto-me pequenina ...Fiz o que podia?? Responde agora meu conterra.
Deixa pegar noutra birra para te gritar , envergonhada e revoltada só comigo mesmo : NÃO!
Deixa olhar esse horizonte e experimentar não ter medo do que está pra além dele.
Deixa sentir a espuma molhar para sentir que prazer é naquele momento, mesmo que vá depois.
Deixa chorar de encher a maré de vergonha por todos os que se sentem infelizes com tanto que temos e achamos tão pouco.
Deixa agradecer a este zulmarinho ser tão grande assim que nos traz ensinamento que faz acreditar que amanhã vou ser melhor...

Armanda

Obrigado amiga por este desabafo

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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