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13 de março de 2006

Uma estória verdadeira (70)



Uma estação de Serviço parece que dá as boas vindas a quem acaba de chegar. Pena mesmo é que no outro dia não tinha gasóleo e eu diria que não fica a dever nada as outras que conheço de outras paragens. Mas também não pode ser tudo perfeito, assim eu ia pensar que a cidade se tinha posto nos oqueis todos só para me receber. Não é que eu não merecia, mas assim tanto? Rotunda mesmo perto da primeira casa dos meus avós quando eles casaram dá as boas vindas na entrada da cidade propriamente dita, não tivesse ela crescido mais do que aquilo que eu pensava. Não me lembro mesmo qual era a casa porque se fizerem as contas eu ainda não tinha nascido, eles casaram sem filhos e portanto a minha mãe ainda não tinha nascido também. O velho campo de futebol já não existe assim como o velho Matadouro. Mas lá está imponente no seu porte colonial a Estação dos Caminhos de Ferro e a Estação dos Correios. Iguais, nas mesmas cores e nas mesmas operacionalidades. Continuamos a subir a Avenida do Bonfim caté fomos no Tribunal, não estivesse em obras e eu ia dizer que os anos se esqueceram dele, ou até que eu não tinha nem saído para comprar cigarros. O sol estava a querer ir-se deitar que também tem esse direito pelo que resolvi telefonar a um camba para ver essa coisa de ir dormir, como tínhamos combinado, não tivesse ele ido na capital. Sim, mermão, te estou a esperar mesmo aqui em frente do Clube Náutico, acabadinho de chegar de Benguela. Meia volta e se desce pelo grémio, Minhota e na Sotrage (que é que queria isto mesmo dizer que a cabeça já esqueceu?), de frente na capitania se tira um retrato, e se volta na praia. Lá estava ele. Igual como era da última vez que lhe vi vai aí mas três dezenas de anos. Abraço de até fez estalar os ossos aqui do franganito, salvo seja. Arrancamos para trás do parque de campismo, passando pela casa do Caminho de Ferro, mesmo ao lado do posto médico do dito cujo, onde acho que dei as primeiras passadas da minha vida erecta, a ver se havia lugar no ‘lodge’ para assim a gente acordar com o barulho desse zulmarinho que começa mesmo aqui. Lotação esgotada. Vamos tentar um outro. É novo. Era casa de família que depois virou casa de oficiais e agora é hotel. Ficámos aí mesmo que é bom e está com localização mais que óptima. Muitas recordações me prendem a esta zona. Muitas eu não posso falar aqui pois senão vocês iam a ficar a saber tanto quanto eu. Na primeira oportunidade passei na casa que foi durante mais tempo a minha casa, ao lado da casa da menina do biquini azul e do chapéu de sol cor de laranja de outras eras. Regressei uns anos antes na minha imaginação e de olhos abertos sonhei e o que vale é que ninguém viu, pois se calhar agora estava com os olhos inchados e incapaz de te estar a contar estas coisas que te vou contando e que sabes que são verdades da minha alma.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

2 comentários:

  1. L'amour est une croisade.
    Parfois, tu as l'impression qu'il est invincible, d'autres fois qu'il tient pas grand-chose, si ce n'est à rien. Tu croit qu'il n'y a aucune règle, et tu ne cherche pas à en trouver. Avoir toutes les réponses, c'est tomber dans cette gigantesque supercherie qu'on appelle le confort et l'habittude.
    En amour, il faut creuser à coups d'excès, sans calcul, sans plan.
    L'amour est à manipuler avec soin, avec obligation de se battre.
    Gros bissous

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