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6 de março de 2006

Uma estória verdadeira(67)


Mas, bolas porque custa a gente deixar de quem a gente gosta? Só mesmo porque é preciso, só mesmo porque tem de ser. Tas a ver, né? A lágrima cai só de pensar que chegou a hora de ter de dizer adeus e agradecer a forma carinhosa e calorosa, a forma familiar e doce como a gente foi recebida.
Mas o que tem de ser tem muita força e não vale a pena fazer discussão. O intervalo vai ser breve e os nossos abraços e gargalhadas vão se voltar a encontrar no mesmo comprimento de onda.
Nova noite adormecida ao som do Adamastor. Sonhos sonhados numa noite agitada. Porque é que as despedidas têm de ser assim tão dolorosas?
Mas não vale mesmo tentar fazer o calendário andar nas arrecuas que ele como é teimoso anda só para a frente e ainda diz que lá é que é o caminho. De manhã se dá as últimas voltas que são obrigatórias. Vida não é turismo e há coisas que a gente tem mesmo que fazer porque é assim que o mundo gira na sua volta diária. Já viste se fosse só preguiça uns ficavam com o dia todo e outros com a noite? Era injusto não era? Pois por isso a gente tem de vergar a mola mesmo que seja por coisas que a gente quer mesmo ter. Há molas que apetecem mesmo vergar.
Fomos num pulinho almoçar. Seguido deste a gente tem mesmo que partir. Nos estão à espera lá depois da grande descida e a gente não pode fazer a desfeita de não aparecer. Não é só por elas mas também por nós mesmo. Elas são importantes mas a final a gente também é sim senhor.Se acaba de almoçar um almoço silencioso. Ninguém tem nem coragem de abrir a boca para emitir um som. Só mesmo as lágrimas são livres de rolar na cara da gente.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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