Sento-me sereno à beira do zulmarinho, abrigado da brisa que teima em soprar me afastando do perfume da maresia. A tarde avança rápida e o ar turvado da ansiedade envolve a tranquilidade que eu tanto desejava. Aos poucos, parágrafos dispersos da minha estória esquecida se me aparecem como a querer mostrar-me que a vida, mesmo que diferente, é a mesma vida. A minha. Eu que me sinto um eterno provisório afinal de contas tenho uma estória que começou nos antanhos da minha idade esquecida. Queres ver que ainda me aparecem desenhos, fotografias, outras palavras a dizer que eu existia já antes de ser assim provisoriamente eu. Se calhar foi por ter mudado de bairro que parece que nasci provisoriamente. Será que vai mudar alguma coisa se algum dia eu acabar por voltar ao bairro antigo? Cá para mim foi o tempo que viajou e me deixou como presente o facto de eu não ter presente e apenas um provisoriamente futuro constante. O meu passado eu sinto que é vivo mesmo que seja um amarelecido pelo tempo. O presente eu não o sinto e o futuro é uma incógnita que não me dou conta.
Bem, o melhor mesmo é desabrigar-me e ir beber um café.
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