Parti em viagem, de sonho em sonho, engarrafado no trânsito, em busca de mim. Aportei em portos que nem eu sabia que os havia, corri sem respirar para não perder a minha memória de dúvidas. Tantas vezes caí que se as fosse contar não teria nunca feito outra coisa. Viagei alegre umas vezes, carregado de tristezas outras tantas, umas vezes com a alma feita em fanicos e outras sem ela mesmo, umas vezes em espirito outras de corpo apenas.
Nunca, mas nunca mesmo, viagei para fora do meu mundo de sonhos.
Percorri mundos sem fundo e fundos sem fim, tatuei pensamentos, bordei palavras em recantos da memória, caminhei ao sol ou à sombra, na estrada e por ar, no mar e no sofá, parei em sinais e sem sinal curvei-me, vi fantasmas, tive alucianções, morei em assombradas casas.
Nunca, mas nunca mesmo, sai dos meus sonhos porque procuro a ilha onde eu tenha o meu lugar de ermita sem tempo.