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19 de novembro de 2009

Instantes (7)

Era de manhã, uma manhã de cacimbo, daquelas manhãs em que apetece é ficar na cama e deixar o corpo ir embora no repouso, na falcidez da descontracção e se tiver tempo sonhar com coisa nenhuma de importância. Mas nessa manhã isso não pode acontecer e lá fui eu na rotina de aluno de liceu. Como sempre me cruzei com ela e lhe disse olá com todos os meus orgãos e ela mais uma vez ensurdeceu selectivamente para mim. Me disse para mim num grito gritado para dentro que acabou, me fui desse amor donde nunca devia ter entrado. Era tão tarde que a lágrima correu pela cara como naquele quadro replicado mais que as casas todas deste e doutro mundo. Doia dentro do corpo e fora dele uma dor surda como os ouvidos dela e cega como quem vê apenas com o coração e se esquece da razão.

O cacimbo mais se cerrou ao ponto de eu me ter escondido atrás dele num ninguém me vai ver sofrer de amor mais vez alguma na vida.

Como sempre, também esse instante passou.



Sanzalando

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