- Olá. Que se faz por aqui para além de estares aqui deitado a não fazer nada?
- Voltou a lenga-lenga. Nunca mais te vais soltar dessa prisão que tudo tem que ser útil? Eu sou-me útil à minha maneira. Gosto de estar aqui deitado a ver os meus sonhos serem sonhados, ouvir os meus poemas que nunca fiz a serem cantados. E tu chega-te para trás que me estás a tapar o pouco sol que há.
- Mas que sonhos sonhavas agora quando eu cheguei?
- Como sempre sonhava na sua luz, no colorido calor do seu corpo, mesmo em manhã de cacimbo, no perfume da terra que se solta na evaporação do doce calor da manhã. Sonhava com os anos loucos da loucura juvenil, nas fugazes chuvas que pareciam breves choros de amor. Apenas sonhava.
- Lunático!
- Olha, fica só sabendo que me agrada ser apenas o guardião dos meus sonhos. Não me venhas roubar a capacidade de sonhar, não me obrigues a crescer no teu padrão. Me deixa mesmo ser apenas assim.
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