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16 de junho de 2010

Diálogos duma só voz (VIII)

- Olá. Me sento a teu lado e não contesto estares sempre aqui a fazer nada a toda a hora. Me apetece sentar só e ficar a olhar para esse nada que é tanto para ti.
- Senta-te e digere essa tua agonia na minha companhia.
- Sabes, tu me abriste as cortinas do mundo...
- ... sempre protestaste do meu estar e agora me vens aqui dizer que tudo o que disseste não era assim?
- Não me interrompas, por favor.
- desculpa... me atiro no silêncio de te ouvir com atenção.
- Eu afinal sentia falta de ar, sentia dificuldade de ver mais além do que os meus olhos alcançam. Sabes, eu respirava sem dar conta que era sinal de vida, eu olhava e não via para além do que queria ver, eu não ouvia e só falava.
- a quem o dizes... mas nunca é tarde para entrares no mundo do sonho e aventura imaginativa. Só precisas é de te entregar de corpo e alma à vida. Saberes que estar no meio de nada pode significar estar rodeado de muita vida, que o silêncio pode significar um protesto, um descanso, uma gargalhada sorrida com os olhos.
- Eu vivia com as cortinas fechadas e tu aqui, obesamente deitado, viajaste pelo mundo...
- sejas benvindo... se te mantiveres assim!


Sanzalando

2 comentários:

  1. Textos diferentes mas ootimos.
    Nunca pares e, por favor, pensa na edição dum livro...
    Beijos.


    P.S. Um dia deste volto a telefonar, se não te importares.
    Vera Lucia

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  2. Kalaari: livro? nunca. tenho de aprender a escrever primeiro e isso dá muito trabalho.
    Sempre....

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