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30 de junho de 2010

Diálogos duma só voz (XVIII)

- Transpirando à torreira do sol?
- te preocupa?
- Deixa. Já vi que não estás para me aturar...
- ... algum dia estive? desde que acordo até me deitar tenho que te aturar e olha que não é fácil...
- Palavras soltas e sem sentido... Pensavas?
- Pensava como sempre penso no que sempre penso. Efeitos secundários dum pensamento fixo. Um golpe baixo no coração, uma mágoa transferida em ferida, chaga de dor silenciosa e carcomendo as entranhas como se fosse uma roleta russa de azar sobre azar.
- Não. Tás negramente vivendo o dia de hoje. Nem o sol te brilha...
- Penso no colapso efémero da minha eternidade. Coisa simples.
- Ou não...
- Olha, queria apenas num instante olhar e vê-la em mim.
- Pôs-se o sol e deu-te a saudade. Sempre igual.

Sanzalando

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