E dou conta que o sol ainda o é, mesmo que não seja o sol da minha juventude. Esse, o que guardo na memória, que não sei se é real porque pisado pelo tempo que lhe acumulo, é um sol de saudade, brilhantemente vivido, felizmente usado e macumbizicamente guardado para mais tarde reutilizar. Mas dou conta que ainda há sol, que ainda há estrelas a brilhar à minha volta, que eu não preciso mostrar-me quem sou, sendo-o. Este sol, que mais logo se deitará no horizonte, para lá do meu zulmarinho a perder de vista, por vezes com pétalas de cor de fogo outras cinzamente, remexe o meu astral, num bailado de cor e felicidade, que mais logo, num entardecer qualquer, de olhos fechados, me trará recordações dum céu azul, dum mar azul, dum olhar que não sendo azul é celestial. O sol é o arquivo da minha saudade.
Sanzalando
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