Querida menina
Escrevo uma carta a qualquer miúda que já foi da minha antiga idade, da idade em que eu pensava era feio e ninguém me olhava. Antes de ser o belo kota que me tornei com o passar dos anos, o simpático e sorridente mais velho que ficou respeitoso numa qualquer assembleia. Mais velho conta aí como é que era no teu tempo? Me dizem isso com o mais dos respeitos e só lhes respondo que o meu tempo é agora porque eu lhe acompanho. Sei que quando nasci o rádio era a válvulas, ide lá procurar no google que é que era isso do rádio ser a válvulas, que o telefone era uma coisa rara e mais fixa que qualquer pedestal. Mas na verdade eu cresci a ver isso tudo mudar e acompanhei. Já não uso a sebenta vermelha e uso o tablet que não é de chocolate.
Mas voltando à carta
Tudo está sendo muito estranho para a gente que nem se vê e nem se sorri como há um par de semanas atrás. Sinto muito se fiz alguma coisa que te desagradou e gostava que me desses um tempo para se esclarecer essa nossa questão que me está a deixar triste e com falta de apetite. Sabes que uma das coisas que mais me gosto é de te fazer rir porque o som da tua risada é assim como que uma carícia na minha alma. Sabes que me está a fazer falta ir ao cinema com o bilhete pago pelo teu pai que eu não o tenho. Sabes que me está a fazer falta levar um raspanete teu quando nas aulas eu falo alto que nem o professor me consegue fazer calar. Enfim eu sinto falta de tu na tua integridade moral e ralhativa.
Vamos lá fazer as pazes que a guerra não pode ser longa porque eu sei que quem vai sair a perder és tu: ficas sem este belo rapaz que te gosta sem medida.
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