A Minha Sanzala

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8 de abril de 2023

não ter feito mais

Vejo o mar e ouço música do rádio. Acho o rádio dá sempre as mesmas músicas, daqui a nada já as sei de cor. Seria a primeira vez. Não, a segunda, porque quando era criança sabia a do 'copo cair ao chão e partiu' e agora não sei nem quem cantava. Era um conjunto famoso aí nos anos 70 de mil e novecentos.
Mas não estou aqui a ouvir música moderna e falar de coisas que nem me lembro. Estão aqui e estão a dizer que envelhei-me por completo.
Dentro do carro não sinto a brisa mas precinto a maresia. Embalado na balada da Bárbara penso nas feridas que nunca saram. Levo-me à embriaguez tonta de recordar quantas feridas haverá por sarar. Sorri, porque nenhuma me dói. Deve ser mesmo ferida de memória, daquelas que nem o tempo apaga apesar de não deixar cicatriz. Estou tonto de dar voltas à tola a tentar contar. Uma sei. Procuro e nada mais. Mas tem de haver. Não aceitei tudo na vida de sorriso aberto. Houve coisas que contestei. Não marcou eternamente? Pelos vistos não. 
Olhando os barcos ancorados ao longo da marginal, balouçando suavemente ao ritmo das ondas criadas pela brisa, nesta tonta ideia de fazer uma reprise de feridas não cicatrizadas, encontro só mesmo uma: Não ter feito mais!


Sanzalando

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