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4 de dezembro de 2023

adeus estórias de antigamente

Deixo-me voar nos pensamentos como se fosse um ser fora do meu corpo. Sou pássaro que vê de cima a minha vida.  Sou átomo dum qualquer corpo que me vive.  Eu visto-me de fora, sou assim como que uma pessoa que não cresceu desde a adolescência e que se deixou ficar naquela paixão não correspondida, desafiadora e tantas vezes dolorosa. Corria a cidade às horas que eu sabia ela ia passar ali, naquele passeio de fim de tarde. Havia tempo para passear e o tempo aberto que chama o amor à superfície da terra. Eu sabia o que sentia e tantas vezes banhando-me na tristeza chorava no silêncio escuro do meu quarto os sorrisos que distribuía durante o dia. Ela era a minha paixão não correspondida e eu sabia que um dia ela ia ser o padrão das minhas escolhas. Então não cresci para não ser desonesto nem comparativo. O tempo nos afastou, possivelmente a idade lhe foi pesando o que não lhe pesou a consciência de não ter percebido que eu lhe gostava.
Falar destas coisas, para as paredes surdas ou para a minha alma que paira a me ver sorrindo e feliz, é a forma que eu tenho de manter acesa a chama dos limites infantis impostos na outrora vida que eu tinha. Investi em mim, apesar de não ter crescido, apesar de ter desaparecido do seu olhar, da sua forte influência e dos seus gestos orientadores, e me fiz gente.
Hoje, terminando esta aventura de me escrever estórias verdadeiras que nunca aconteceram ou que nunca foram importantes na hora da sua vivência, recordo com saudade todas as letras que deixei em forma de pegada na minha vida.


Sanzalando

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