Prezados Leitores, é com grande pesar que anuncio o temporário impedimento do autor deste blog, que se encontra em estado de completa letargia e entorpecimento permanente. Antes de sair, no entanto, deixo-vos uma carta que encontrei debaixo de um copo vazio cheirando a cerveja, ao lado da minha cama:
Para não deixar que as aranhas se apoderassem novamente desta minha velha garrafa CÔR DE AMBAR, deixo um texto que encontrei vasculhando os arquivos do lerdo computador da minha casa... Nem me lembrava que tal existia, sendo uma surpresa muito grande relê-lo. Tenho a certeza de que todos darão bons sorrisos e se alegrarão de terem tido a paciência de o ler até ao final
Manifesto do meu Movimento
Cap. I -
O presente movimento que agora inicío consiste em nada e coisa nenhuma. Apenas tem como principal elemento o mar e a cerveja, que, com outros coadjuvantes terão sua devida importância no momento certo. Devidamente deturpados os sentidos com os efeitos alucinógenos das brirras loiras e estupidamente geladas parte-se para a criação que, pelo ócio criativo e estado de embriagues múltipla, deverá ser cubista, dadaísta, surreal, futurista e de outras tendências de vanguarda quaisquer, a critério dos Leitores e afins. É importante também utilizar, os efeitos impressionistas e expressionistas. Sobre a cerveja é importante frisar que esta será a principal fonte de inspiração para a criação, de modo que as birras loiras estupidamente geladas assumam os sentidos do autor e distorçam a sua visão de mundo e entendimento sobre a vida.
Cap II -
O mundo é uma bola rodonda que roda sem parar. Ninguém sabe de onde veio e para onde irá. Tudo o que se disse a respeito da sua criação até hoje, é apenas especulação já que, ao que sei, não há testumunhas credíveis, vivas, para nos confirmarem. O mundo é uma coisa muito maluca que não tem explicação, bem como todo o universo, pelo que não percebo o trabalho dos Físicos e afins. Sendo assim o que me resta é a birra loira estupidamente gelada. Viva a embriagues e a deturpação dos sentidos!
Cap. III -
O Autor que, como ateu, agnóstico ou simplesmente descrente dos Mistérios e outras secretas ilusões, deverá seguir como religião o princípio do salve-se como puder. O princípio é bastante simples, mas se não houver entendimento de forma completa e aproveitadora, então desenrasca-se. É de suprema importância, já que para se inteirar completamente da forma desordeira e caótica com que se organiza este Movimento precisa estar em sintonia com o mais proveitoso modo de viver: aquele em que não dá dor de cabeça, preocupações, angústias, stress, dentre outras mazelas que atingem o homem neurótico e paranóico moderno.
Parágrafo ùnico -
Duma coisa se aproveitará de Fernando Pessoa
"O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que finge sentir que é dor
A dor que deveras sente."
Os versos supracitados não serão os únicos aproveitados do poeta português e seus respectivos heterônomos. Outras literaturas serão proveitosas para o Movimento, desde que não dêem muito trabalho a serem lidas...
Cap. V -
Local de peregrinação obrigatória: Angola, uma vez na vida, uma vez por ano, uma vez por mês, toda a vida.
Cap. VI -
O fundamento do Movimento é a sua não-forma. Não amorfa, mas sim não-forma. A palavra livre predomina pela praticidade e facilidade da composição, já que a maioria dos autores que aderirem ao movimento não têm capacidade para construir e nem sabem o que é uma obra literária. Dois quartetos e três tercetos também não podem ser de todo desprezados, são, aliás, extremamente aconselhados quando se quer falar mal e denegrir a imagem de prussianos insossos. A construção fica então a critério do autor. Se o poema estiver em prosa, mas cheio de poesia, e se a prosa tiver um sabor poético já está a contar.
Cap. VII -
Da temática abordada e como Assuntos recorrentes do Movimento: a vida ingrata, a vida injusta, a vida louca, a morte morrida, a morte matada, a morte desejada, impulsos suicidas, tortura intelectual, bom-humor, o amor e o sexo, amor adolescente, amor adulto, paixão, amor familiar, amor sem fins sexuais, sexo do bom, tudo o que der na real gana, tudo o que a letra a letra seja legível e entendível.
Cap. VIII -
Das nossas escrituras sagradas Venera-se apenas o Kama-Sutra. E só!
-Ah, que droga!
Já acabou?
-Eu não disse para gente comprar duas garrafas e sentarmo-nos à beira do zulmarinho em vez de estarmos aqui a escrever?
Carlos Carranca
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