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5 de abril de 2006

Uma estória verdadeira (86)


Deitámos e dormimos assim como que desmaiados do maçado que estávamos das massagens da auto-pista da Lucira. Foi mesmo desmaio que nem dei por terem desligado o gerador que fica na fábrica em frente da casa.
Levantámos ainda não eram 6 horas. Eu estava a perder o gosto do meu desporto preferido que era dormir até altas horas. Mas não estava nem a pensar nisso, só dizia que era bom acordar e ter tempo, mesmo já habituado a não ter o tempo no pulso a regular a minha vida.
Eles não estavam em casa. Ti e Coelho haviam saído ainda mais na madrugada para ver tudo no nascer do sol. Esses Angolanos não dormem mesmo nada. Quero aprender com eles a ser assim. Eu para esse estrondo de rasgar que se ouve no romper da aurora ainda não estava preparado. Era sempre a seguir à aurora que eu me rompia do meu sono. Eu aproveitei e fui ver com olhos de dia aquela baía que na noite eu não conseguia nem imaginar. Registei na câmara as coisas que eu via com os meus olhos. Fui na água salgada que parecia sopa de quente que estava. Aquilo que eu vejo é mesmo uma aproximação do paraíso. Pouco depois eles voltaram. Me falaram das voltas que deram, e das promessas das que ainda íamos dar. Mas tinha que ser rápido porque o caminho na capital é longo e penoso, para não dizer também vagaroso. Matabichámos que era fome que apertava. Como é bom comer assim quando a gente está feliz. Pequeno almoço ali sobe melhor que pequeno almoço num lodge qualquer em outra parte do mundo. Apeteceu, comeu e era fresco tudo o que estava ali na mesa.
Mais uns dedos poucos de conversa e lá abalámos nós depois de verter o gasóleo de reserva para dentro de depósito porque nos tinha que dar até Benguela que era a próxima paragem. O lande Rover na frente e nós na sua retaguarda a dar um passeio por mais esta grande obra do Arquitecto com retoques do meu grande amigo Coelho Cavirosso.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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