Já não sei escrever. Será que soube alguma vez? Talvez fosse só o desejo de ser também bom com as palavras e imitar o progenitor. Talvez fosse só a vontade. Talvez. Não sei. Preciso confessar-me isto. Será que alguém me lê? Já não tenho o olhar fixo do leitor imaginário na minha mente, quando começo a preencher o ecran vazio com palavras. Já não sei quem é o leitor e escrever sem saber para quem é, é como navegar sem saber para onde. Não há vento que ajude a Magia a fazer-se ao mar.
Receio as ideias comuns, mal aparadas, a ausência de um sentimento que perpasse o texto ou lhe confira sentido. Se calhar é o não querer dividir os meus sentimentos com um leitor que não distingo, que não imagino. Onde é que ponho o raio da virgula? Não sei português e nem como mexer nesta engenhoca de computadores de modo que ele escreva frases bonitas, floreadas, poéticas partindo das minhas ideias incomuns, bem aparadas num penteado intelectualmente brilhante. E engenhoca é uma palavra velha, de velhos e eu devia mandá-la para a reforma. Alguém lê o que escrevo? Sejam bem vindos a esta crise. Sincera e imbecil. Talvez seja importante saber o porquê de eu escrever?
Antes, quando era movido pela ilusão de que produzia algo importante para mim ou alguém, tinha a sensação de brincar com as palavras. E os significados iam surgindo, surpreendentes, reveladores. Driblando a língua, inventando, assassinando palavras. Qualquer instante era uma história para contar. Não precisava ter uma argumentação, muito menos fazer sentido, que desse um pouco de sabor à leitura e pronto. Um efeito, um sentimento, uma frase que fosse.
Há uma parte em mim que ainda continua a acreditar. Que percebe as ausências, os hiatos, a dureza e a pouca profundidade. Naufrago da minha ausência, sou eu que não estou lá. Queria que os textos fossem um espelho, ou uma janela. Que brotassem deles um pouco de sangue ou que fossem cheios de gritos e gargalhadas. O silêncio é o grito que mais me dói nos ouvidos. Talvez o que doa seja eu não ver alma no que escrevo. As ideias não sustentam nada. Não há argumentação interessante que possa sobreviver sem um vislumbre de alma, de sentimento, de vida, de sonho.
Agradeço aos leitores, muitos deles tornaram-se meus amigos sem saberem quem sou, sem saberem quem é que lhes escrevia, que me acompanharam até aqui. Textos actuais pedem brevidade. Pedem muitas coisas. Não sei se as tenho para oferecer.
Sinto o impulso de escrever, mesmo sem saber o quê. Sigo indignado um rumo sem norte. Bolas, também não sei viver. Tenho, ao menos, uma finalidade que é encontrar a minha própria alma na próxima linha, no próximo paragrafo, no próximo capitulo, no próximo livro que nunca escrevi.
Receio as ideias comuns, mal aparadas, a ausência de um sentimento que perpasse o texto ou lhe confira sentido. Se calhar é o não querer dividir os meus sentimentos com um leitor que não distingo, que não imagino. Onde é que ponho o raio da virgula? Não sei português e nem como mexer nesta engenhoca de computadores de modo que ele escreva frases bonitas, floreadas, poéticas partindo das minhas ideias incomuns, bem aparadas num penteado intelectualmente brilhante. E engenhoca é uma palavra velha, de velhos e eu devia mandá-la para a reforma. Alguém lê o que escrevo? Sejam bem vindos a esta crise. Sincera e imbecil. Talvez seja importante saber o porquê de eu escrever?
Antes, quando era movido pela ilusão de que produzia algo importante para mim ou alguém, tinha a sensação de brincar com as palavras. E os significados iam surgindo, surpreendentes, reveladores. Driblando a língua, inventando, assassinando palavras. Qualquer instante era uma história para contar. Não precisava ter uma argumentação, muito menos fazer sentido, que desse um pouco de sabor à leitura e pronto. Um efeito, um sentimento, uma frase que fosse.
Há uma parte em mim que ainda continua a acreditar. Que percebe as ausências, os hiatos, a dureza e a pouca profundidade. Naufrago da minha ausência, sou eu que não estou lá. Queria que os textos fossem um espelho, ou uma janela. Que brotassem deles um pouco de sangue ou que fossem cheios de gritos e gargalhadas. O silêncio é o grito que mais me dói nos ouvidos. Talvez o que doa seja eu não ver alma no que escrevo. As ideias não sustentam nada. Não há argumentação interessante que possa sobreviver sem um vislumbre de alma, de sentimento, de vida, de sonho.
Agradeço aos leitores, muitos deles tornaram-se meus amigos sem saberem quem sou, sem saberem quem é que lhes escrevia, que me acompanharam até aqui. Textos actuais pedem brevidade. Pedem muitas coisas. Não sei se as tenho para oferecer.
Sinto o impulso de escrever, mesmo sem saber o quê. Sigo indignado um rumo sem norte. Bolas, também não sei viver. Tenho, ao menos, uma finalidade que é encontrar a minha própria alma na próxima linha, no próximo paragrafo, no próximo capitulo, no próximo livro que nunca escrevi.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca
Tens NORTE meu irmão...porque és do deserto (e do PORTO) !
ResponderEliminarComo gosto de ler as "condecorações" à tua escrita do kamarada Lucira. Até fico enbevecido com tanta simpatia.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo e até ao próximo Sábado
Sergio: sabe bem saber que do outro lado da linha está alguém. TKS.
ResponderEliminarFifer: Todas as condecorações são bem recebidas. Mesmo aquelas que podem espetar o alfinete no peito, sabendo eu que sou mais forte que qualquer dor.