Me sento nessa cadeira de madeira, gasta pelo tempo e carcomida pelo salitre, olho para o azul do zulmarinho e me desato a dialogar cada vez mais comigo, assim não vá eu estar surdo de mim.
Recordo que li numa velha parede, num tom desbotado, traduzindo alguma idade e umas tantas outras intempéries, a frase ‘se alguma vez desejares a morte pensa nos que morreram sem a desejar’.
Mas porque é que eu me dialogo sobre esta frase aqui na beira do zulmarinho?
É que aqui eu me esqueci que as noticias dos jornais e das televisões estão carregadas de cinzentos, de energia que apagam qualquer luminosidade interior que possa existir. Eu sei que é a realidade mas esta também tem outras luzes, outras cores, outras palavras, outros caminhos. Não acredito que esse outro mundo só existe mesmo na minha cabeça. Não é meu sonho, nem é capaz de apagar esta capacidade de sonhar, esta capacidade de acreditar.
Eu sei que muitas vezes asfaltamos os caminhos para transitarmos por eles com mais segurança, com mais comodidade. Eu sei que às vezes asfaltamos o nosso coração com a boa intenção de não sofrer. Mas assim onde vão ter todas as nossas ruas asfaltadas? Ao silêncio do pensamento, às carícias não transmitidas, às lágrimas não choradas.
E eu, aqui sentado, com tempo para pensar, para recordar dialogo-me para não ensurdecer a imaginação nem soprar a poeira das picadas da vida.
Recordo que li numa velha parede, num tom desbotado, traduzindo alguma idade e umas tantas outras intempéries, a frase ‘se alguma vez desejares a morte pensa nos que morreram sem a desejar’.
Mas porque é que eu me dialogo sobre esta frase aqui na beira do zulmarinho?
É que aqui eu me esqueci que as noticias dos jornais e das televisões estão carregadas de cinzentos, de energia que apagam qualquer luminosidade interior que possa existir. Eu sei que é a realidade mas esta também tem outras luzes, outras cores, outras palavras, outros caminhos. Não acredito que esse outro mundo só existe mesmo na minha cabeça. Não é meu sonho, nem é capaz de apagar esta capacidade de sonhar, esta capacidade de acreditar.
Eu sei que muitas vezes asfaltamos os caminhos para transitarmos por eles com mais segurança, com mais comodidade. Eu sei que às vezes asfaltamos o nosso coração com a boa intenção de não sofrer. Mas assim onde vão ter todas as nossas ruas asfaltadas? Ao silêncio do pensamento, às carícias não transmitidas, às lágrimas não choradas.
E eu, aqui sentado, com tempo para pensar, para recordar dialogo-me para não ensurdecer a imaginação nem soprar a poeira das picadas da vida.
(*) estrada de terra batida, ou por bater.
Sanzalando
Olá...
ResponderEliminarvim visitar este (en)canto.. e dizer que regressei...
Helder
O problema é que as ruas asfaltadas do nosso coração já não deixam sobreviver as picadas genuinas e já nem reagimos, tal qual autómatos desprovidos de emoções... Um bom fim de semana zulmarinho :)
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