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19 de junho de 2012

escola 56

Me sentei no muro partido da escola 56 a me recordar os anos que lhe passei e não sei se me lembro da nitidez da vida que lhe vivi. Aqui ainda não sofria de amores, nem desilusões de adulto. Aqui não sabia de almas impuras porque apenas aprendi a desenhar palavras com as letras recitadas. Aqui, onde agora me sento, não me lembro de ter chorado nem sei se sabia a essência das coisas. Aqui, na escola onde aprendi a música da tabuada não sabia ainda as desverdades dos pecados de ser grande.
Me sentei no muro da minha velhinha escola e recordei quem me ensinou a aeiou, ao mesmo tempo que revi uma série de buracos negros feitos na vida. Aqui, ainda não me interessava ler o coração nem saber das almas. Aqui, quando eu era a mais pura das criaturas, a inocência da infância, não sabia que um dia eu poderia soletrar palavras duras nem que o inferno ardia lentamente em cada dia.
Aqui, onde aprendi as silabas, me penitencio dos duros silêncios que calei. Aqui, cada gota do meu sangue poderia ser poesia se eu fosse uma palavra escrita num velho papel que guardei não me lembro mais onde.
Me sentei no muro partido da velha escola 56 para sentir a verdade escorrer por entre os meus dedos e chorar.

Sanzalando

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