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9 de junho de 2012

nas cassuarinas

Sentado nas casuarinas, abrigado do sol tórrido, escondido do mundo num acampamento mental, sinto-me ausente do meus próprio corpo. Se olhasse agora para mim, para o meu corpo, vê-lo-ia cheio de solidão, até por mim mesmo abandonado. 
Para quê eu ia sorrir-me, sem vontade, sem motivos e até se calhar me falta a coragem para sorrir. Acho falta-me capacidade para dizer adeus definitivo às velhas coisas que me atormentam e que fazem o jeito de não me abandonar a lembrança. Se calhar falta-me esperança de ter coragem para agarrar de frente as lágrimas que me apetece chorar.
Sentado nas cassuarinas, abrigado dos ventos de mudança, escondido da vontade de gritar que a falta de fé me deixou carregado de vazio na saudade, de medo do erro e de sentimentos cruzados que transbordam de coisas ocas.
A menina dos meus olhos se encontra fechada de modo a que a luz do dia não acorde o sonho de sorrir, de dizer sorrindo as coisas que deveria ter dito, de sorrir os sorrisos que me esqueci de sorrir.
Aqui, perto da praia, sob as cassuarinas, me sento cansado de solidão.

Sanzalando

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