Porque será que me sinto um parêntesis? Bem que podia ser aspas já que me falta a interrogação para ser ponto final. Vim no depósito de água aqui perto do aeródromo que teimam em lhe chamar aeroporto. Quero ver que é que lhe vão chamar depois de acabarem o outro que fica do outro lado. Vim aqui mesmo apenas para fazer exercício. Andar para fingir estou a trabalhar o corpo para ter uma mente sã. Me disseram isso e com tanto AC acho bem eu de vez em quando, assim anualmente, fingir estou a fazer desporto e desopilar ideias e baralhar pensamentos.
Afinal de contas eu carrego comigo tudo aquilo que não preciso, mesmo. Olhares que me rejeitaram, abraços que não me deram, amores que não me amaram, conversas que ficaram por fiar, migalhas endurecidas de pão de caridade que me ofereceram.
Pronto. Está tudo certo. Eu é que me meto nestes labirintos desérticos da nostalgia solitária e tento sair ileso divagando pelas areias duns caminhos conheci faz tempo. Quando chover vai estar verde por aqui. Até lá é amarelo mesmo de deserto dourado.
Caminho até o depósito de água, desfazendo-me em parêntesis, aspirando-me em aspas e interrogando-me até ao ponto final.
Sanzalando
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