Me sento na varanda, na velha cadeira de baloiço feita com aduelas de barril e pintada de cor amarela muito clarinha. Já sei que vais dizer que a cadeira é do avô e quando o avô chegar eu vou ter que alçar a caganeta e mais nada. Pensas que eu puto serei eternamente? Logo me levantarei. Me deixa aqui só balouçar um pouco sobre recordações, vidas vividas ou apenasmente sonhadas.
Brrr, que nervos, quando a gente quer se concentrar neste fim de tarde bafiento parece vem trovoada e nos incomodam parece é ciúme de propósito.
O meu problema, eu sei, é o medo. Excesso. Quantas vezes disse no meu coração para te esquecer? Mas olho em frente e lá estás, a chegar, a partir ou simplesmente estás. Eu que fechei as portas, todas a sete chaves. Calafetei janelas, não por causa de cacimbo que eu ainda não tenho idade para me preocupar com isso, mas para me resguardar vazio de amores. E lá vens tu entrar nas minhas recordações, sem pedir, sem se faz favor ou com licença. E eu com medo. Pouco ou nada me diz que agora é que vai ser o meu momento de viver feliz. Talvez seja diferente. Talvez seja agora o tempo certo. Certo tempo que eu pensei isso e foi o que se viu.
Não me quero desperdiçar. Não me quero perder. Não me vou voltar a apaixonar. Digo-o sem certezas absolutas com a cara de quem vê um romântico filme no Impala.
Tudo tem o seu tempo e eu não dou chance de ter mais tempo desperdiçado. Vou cuidar do meu tempo mesmo que me mantenha fechado, calafetado com medo do tempo que possa vir.
Me sento na varanda, na cadeira de baloiço que tu sabes é do avô e medito se vale a pena arriscar. Afinal de contas já foram tantas as quedas que mais uma ou menos já não faz assim muita dor.
Não, aqui sentado, não vou sair a correr, porque tenho medo.
Sanzalando
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