Me atiro de corpo e alma à preguiça total. Ouço o mar, sinto a maresia mas não vejo o mar. Esticado no sofá nem dá para ver a rua. Ouço o vento que me trás o marulhar até aqui dentro. Mas eu estou cansado para caminhar até à beira mar. Hoje fico a preguiçar e a ouvir lá longe o mar.
Mas pelo sim pelo não vou anotar num pedaço de papel a palavra esquecer e vou pôr num lugar bem visível para não me esquecer que prometi esquecer-te. Mesmo quando estiver a preguiçar não vou deixar o meu sonho sonhar-te. Sei que parece fácil, mas juro que não é.
Acho vou fazer uma faixa grande e colar no tecto. Assim, aqui deitado no sofá, abraçado na preguiça, vou olhar no tecto e lá vai estar escrito em letra legível: esquecer e o sonho vai se lembrar de sonhar com outra coisa que não tu. Não vou sentir mais o teu perfume, não vou ouvir mais o teu silvar desértico e tudo o que ainda estiver dentro de mim vai voar com esse vento de areia dourada.
Acho assim, desde que eu disse te ia esquecer, parece aumenta a vontade de te ter. A tua geometria. O teu calor. O teu perfume. Tenho de esquecer.
Mas porque eu vou ter o desperdício de fazer o esforço de te esquecer se não é possível te esquecer? Eu só queria viver um pouco mais e te incomodar um pouco menos.
Sanzalando
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