Hoje me apeteceu caminhar, de imaginação em imaginação, até aos Morros Azuis da minha meninice. Se diga eu é sitio onde nunca fui mesmo na realidade da vida, embora muitas vezes me tenha imaginado a caminhar deserto fora até eles. Mas me disseram que parecia mais perto do que eram e então eu não me atirei a essa santa loucura. Hoje me fui recordar disso, sinal que o tempo passou mas a memória não.
Deve ser esta sensação de querer fugir, mesmo sem saber para onde, sem ter uma alternativa, um plano b, uma mais pequena ideia de onde e porquê. Apenas porque me sinto mais um perdido nesta multidão e que parece cada vez mais me perco.
Olhando-me no espelho já não me reconheço, embora a confusão entre mim e eu se mantenha inalterada ao longo de tantos anos quantos eu tenho.
Nos morros azuis eu devia me sentir eu, penso. Ou os Morros Azuis não são o que eu sempre imaginem fossem.
Nos Morros Azuis eu sei que não tem mais a gente que eu fui, não tem mais o meu passado, nem escrito nem memorizado nos arenitos das grutas que imagino lá tem.
Hoje me apetecia ir nos Morros Azuis apenas porque sim.
Sanzalando
Sem comentários:
Enviar um comentário