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1 de maio de 2022

Dia da Mãe

Pedalava eu pelos caminhos de pensar, para esquecer que o mundo é mundo e outras coisas mais, quando me entrou no ouvido um sussurro a dizer que hoje é Dia da Mãe. Já não é no oito de Dezembro. 
Mas o que eu sei porque ainda tenho memória e não sou de fazer de conta é a fingir, é que antes de lhe levarem para um canto inesquecível da minha memória, eu lhe fiz doer a cabeça, lhe acinzentei muito cabelos que ela teimosamente pintava para não me assustar com o tempo que passa, lhe provoquei lágrimas de dor de alma, lhe tirei sonos que mais que ela merecia. 
Todos os dias eram dia da Mãe, porque quando não lhe fazia nada disto, eu lhe fazia rir de coisas sérias que eu não brincava, lhe alegrava o ego de ir mais além do que ela mesmo tinha imaginado, lhe provocava um babar de satisfação quando por portas e travessas alguém lhe era simpático e lhe me elogiava. Todos os dias eram Dia da Mãe, da minha Mãe.
Depois, cansada de coração fraco, torturada de não ser feliz nos últimos anos porque o chão que lhe segurava os pés não lhe pertencia, lhe levaram num dormir que não deu em acordar e lhe repousaram num canto inesquecível da minha memória, onde lhe trago em cada instante.
Um dia, Mãe, eu te vou levar onde tu foste feliz! promessa do teu filho, que por agora vai pedalando pelos caminhos sem rumo, sem tempo, sem fim, só para ir dizendo que a felicidade existe dentro de cada um.



Sanzalando

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