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24 de março de 2005

Prisões 11 - Medo e Monogamia 2

"Fio": Prisões

carranca
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Hoje, 14:40
Forum: Conversas de Café
Cá volto eu, desta feita em seguimento da anterior porque a zonzaria de andar a trocar temas me deixa isso mesmo, zonzo. Estava para falar que o centro não é de esquerda nem de direita porque é centro, mas marchei-me dessa porque confusinei-me por completo nas letras escritas e prefiro ter a liberdade de escrever direito por linhas tortas ou antes pelo contrário, um dia destes.
Assim volto ao Medo Monogâmico.
Vivermos um casamento aberto não aumenta nem um pouco as hipóteses de uma mulher encontrar outro homem maravilhoso, pelo qual ela vai se apaixonar e querer viver, criar família e ter um cão e...
Quem está em um casamento fechado corre o mesmo perigo: por entre as barras, dá para ver o sol e o verde lá fora, as pessoas se divertindo, a vida continuando. Na verdade, de certo modo, correm até mais perigo, pois estão imersos em uma falsa segurança, acham que casou, acabou, agora é para sempre, enfiam a cabeça na areia e fingem não saber que, desde que o mundo é mundo, o mundo é mundo. Parecem ter fé religiosa que, enquanto o sexo for bom, enquanto tudo estiver bem, enquanto eles forem fiéis, os parceiros serão fiéis.
Bem, amigo, se achas isto, eu gostaria muito de te apresentar um grande amigo meu: Manuel Casavelha. Claramente, vocês não se conhecem. O mau marido é corneado, a boa esposa também. Não há garantias. Nenhuma, nenhuma mesmo.
A erecção humana não tem dique nem barragem. O homem vai aonde sua erecção aponta.
A possibilidade de uma mulher se apaixonar por outro homem e querer largar o companheiro é algo bem real para mim - sempre lembrando, claro, que o vice-versa é tão real quanto o versa-vice. Convivo com essa possibilidade todos os dias e tento fazer as pazes com ela. O facto de eu ainda ter medo de perder minha companheira é a prova que as pazes ainda não foram cimentadas (com essa real possibilidade), mas já nos falamos com cordialidade, trocamos bons dias de manhã, estamos caminhando. Assim como sei que, dia menos dia, vou morrer e estou em paz com isso, também sei que, é uma possibilidade, mais dia menos dia, eu e minha companheira nos vamos separar e pronto. A vida vai continuar. Relacionamentos são como entidades, eles têm seu ciclo de vida, nascem, crescem e morrem de acordo com um relogiozinho interno deles que muitas vezes a gente nem compreende.
Na verdade, dado o número de divórcios hoje em dia e a quantidade de mortes por acidentes e violência, um "casamento que dura a vida inteira" é mais provável de ser porque os dois cônjuges morreram num mesmo acidente de viação do que porque ficaram casados até os 80 anos.
se um dia apetecer lá estarei de volta
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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