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2 de março de 2005

O amor a dois

"Fio": Temas diversos

carranca
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Hoje, 15:21
Forum:
Conversas de Café
A simples amizade com outro, por muito profunda que seja, não significa que uma pessoa lhe entregue toda a sua pessoa e a sua vida, a sua alma e o seu corpo. Essa é a diferença entre a amizade e o amor conjugal.A própria estrutura corporal e dos sexos expressa essa mútua referência: o homem está capacitado, na alma e no corpo, para entregar-se inteiramente a uma mulher, e vice-versa.Há três níveis que constituem o amor entre o homem e a mulher:- A atracção física : é o nível mais elementar, está sempre presente e é comum à natureza animal. Isto só não basta para fundamentar o amor humano de verdade. Neste nível, o outro pode ser também considerado como um simples objecto do apetite sexual. Mais do que amar, isso seria usar o outro, como se fosse uma coisa.- O enamoramento afectivo : é uma sintonia entre as maneiras de ser das duas pessoas, que faz com que gostem muito de estar juntos, que gostem de conhecer os detalhes da vida do outro, etc. É já algo tipicamente humano. É o começo do amor, ainda que não baste para um amor autêntico. O enamoramento é um fenómeno espontâneo, não voluntário. Uma pessoa não decide friamente enamorar-se de outra; uma pessoa, sem saber como, encontra-se enamorada. E esse enamoramento deve-se aos aspectos positivos e agradáveis do outro; não tem em conta os seus defeitos. Também pode suceder que uma pessoa goste mais do simples facto de "estar enamorado" - porque produz uma sensação de entusiasmo - do que da própria pessoa de quem se enamora. Nesse caso o enamoramento estaria misturado com egoísmo. Não seria verdadeiro amor. Para ser estável, o enamoramento tem que passar ao terceiro e último nível.- O amor conjugal : é muito mais que o enamoramento. Não é só um processo espontâneo, mas transforma-se numa atitude voluntária, livremente assumida. O amor que surgiu sem intervenção da vontade converte-se numa decisão livremente assumida de entregar-se ao outro, amando-o tal e como é e como será, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença. Porque aceita a pessoa inteira, não apenas com as coisas boas que o enamoram, mas também com os defeitos que lhe desagradam. E aceita-a como alguém que vai compartilhar e condicionar toda a sua vida. Ama-a não por ser assim ou de outra forma, mas por si própria, a ela, sem mais, para sempre. E entrega-se todo, entrega-se a si próprio, coração, corpo e vida inteira.Caramba, deu-me uma pesada que nem quero reler.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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