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8 de maio de 2005

Prsiões 45 - Dislexia não é uma prisão é um estado orgânico

"Fio": Prisões

carranca
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Dislexia - não uma prisão mas um estado orgânico Hoje, 10:17
Forum: Conversas de Café
Falar de intelectuais, doutores, licenciados e diabo a quatro mais não é que uma limitação cognitiva. Para mim não é uma prisão. É para o lado que durmo melhor, pelo que não vou por aí, deixando esse campo para filósofos, linguistas e puristas. Hoje apetece-me caminhar pela Purificação. Não, não vou falar da Maria da Purificação nem do café que ela faz. E não o vou fazer porque não a conheço e como tal nunca lhe bebi o café. O que me apetece mesmo é escrever para me purificar com o facto de poder ajudar alguém na libertação da sua dislexia, disgrafia e disortografia.
Sabemos todos que Dislexia é a incapacidade parcial do individuo ler e ao mesmo tempo compreender o que lê, apesar da inteligência normal, audição ou visão normais e de ser oriundo de família adequada, isto é, que não passaram qualquer privação de ordem doméstica ou cultural. Assim sendo encontro disléxicos em famílias ricas e pobres. No âmbito das instituições do Ensino Básico vemos relatos de professores a registarem situações em que crianças, aparentemente brilhantes e muito inteligentes, não podem ler nem escrever. Nos exames as comissões executivas descrevem casos "bizarros" (às vezes, motivo de anedotário) em que candidatos apresentam baixo nível de compreensão leitora, misturando o que não é misturável, unicamente porque não têm capacidade de auto-crítica. Enquanto que as famílias ricas podem levar o filho a um psicólogo, neurologista ou psicopedagogo, uma criança, de família pobre, estudando numa escola pública, tende a que essa dificuldade persista com os transtornos de linguagem na fase adulta.
E aqui começamos a ter outro problema. A capacidade interpretativa não se compra num supermercado, qual lata ou frasco de conserva, qual sabão que os lave de toda a sujidade mental. Por trás do fracasso de ser popular, ter empatia e ver ser reconhecido algum, por mínimo que seja, mérito dentro da comunidade que o acolhe, sempre há fortes indícios de dificuldades de aprendizagem relacionadas à linguagem. Nos casos de abandono social, em geral, também, verificamos indivíduos que deixam a sociedade, refugiando-se em guetos mais ou menos escondidos, terem atitudes mais ou menos marginais, única e simplesmente por enfrentarem dificuldades de leitura.
A "dispedagogia", isto é, o desconhecimento por parte de indivíduos que se devem comportar como gestores educacionais, do que é a dislexia e suas mazelas na vida das crianças e dos adultos, só piora a aprendizagem da leitura de seus leitores, clandestinamente ávidos de os ler, fazendo-os incorrer em erros, que um ser normal chamaria de grosseiros, ao interpretar alhos como sendo bugalhos.
Afinal não falei de prisão mas de limitação.
Voltarei a este ou outro tema assim tal me apeteça.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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