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16 de maio de 2005

Um café na Esplanada 2

Depois de ter-me conseguido libertar de ruídos estranhos, de ver que afinal há moderação, mas não de corrente alternada e só quando convém, mermão, aqui estou para conversar contigo na companhia das loiras geladas e do perfume de maresia.
Mermão, senta aqui à vontade que aqui tem reservado o direito de admissão.
É, mermão, eles não sabem que às vezes é mesmo preciso ficar só a ouvir o zulmarinho se estender na areia doirada da praia. Eles não sabem, mermão, que o canto desse mar tem um significado grande para nós. Eles, mermão, não sabem o que é a capacidade de sonhar. Eles não sentem o que nós sentimos porque eles são feitos de ferro, são de aço, enquanto nós, mermão, somos feitos de sentimento, de alegria de estarmos vivos e termos a capacidade de sonhar que para lá da linha recta que é curva existe um país que embora gatiunhado vai na frente do sonho que é dele e nosso, também.
Vamos, mermão, paga aí umas quantas e vamos ficar a olhar lá para a frente ver se com a força do olhar ele fica mais perto.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

2 comentários:

  1. Da margem norte do Zulmarinho, continuo a ler-te com tranquilidade, sonhando com a margem sul.
    Porque se me enche a alma de esperança saber que um dia, não sei quando, nos vamos encontrar lá. De companhia com o vento do deserto e a brisa das Miragens.
    Mermão, obrigada por não teres deixado de sonhar!

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  2. Quando alguém nos olha com olhos frívolos, apenas não alcança o desembrulhar dessa contemplação interior naquele limite não verbal.
    Amizade é uma coisa rara…
    Uma química absoluta, cumplicidade, companheirismo...acabamos por ser tudo isso ou algo mais mas menos: juizes, ardilosos...
    O zulmarinho poderia ser mais zul ? Poderia concerteza, ele estará sempre do outro lado… mas nós não nos apercebíamos…

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