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15 de maio de 2005

Uma café na Esplanada

É assim a vida, mermão. Uns dias estamos na mó de cima outros nem por isso. Precisamos mesmo, avilo, é estar com a alma cheia de sorriso, ter a alegria dentro da gente para que a gente possa viver a vida, na certeza que ela é curta e se não tivermos a capacidade de a desfrutar vamos desta para mehor e não deixamos se quer a saudade. Por isso, mermão, aqui no silêncio do zulmarinho, no ondular das suas ondas, no perfume de marzia que vem deste o início dele, onde ninguém chateia ninguém, onde podemos ter a capacidade de ver para além da linha curva recta que é curva, podemos sonhar sem os ruídos daqueles que falam alto porque é a única maneira que têm de ser ouvidos, continuarei a berber as birras geladerrimas contigo. Me disseram, mermão, que lá no outro sítio eu fui bronco, fui pior que eles mesmo, que aqueles que me levaram para além do facto de não ser de pau, que até que nem parecia eu. Mas eles esqueceram foi de pensar que eu fiquei assim só porque eles mesmo me fizeram ficar assim. São tão inocentes, coitadinhos, como D. Inocência, a dona do bordel ali da esquina. Eles, coitados pensam que me vergaram com a chantagem emocional e coisas dessas. Mas esquecem, mermão que os segundos da vida vão passando e cada vez são menos os que faltam passar. Te digo na verdade que me vai na alma que me custa deixar lá gente muito bonita, gente boa de verdade verdadeira, mas aquela meia dúzia que nem o são de 6, conseguiu roubar o sorriso que ia na alma, que acinzentou o céu azul, que petrolificou a água clara deste zulmarinho e que tu podes confirmar ao ir ver o que estão a fazer naquela Esplanada.
Assim, mermão, podes ir continuando a conversar comogo nesta esplana virada para a calma do zulmarinho do meu contentamento.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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