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29 de novembro de 2020
eu mesmo
Por vezes embalado em pensamentos rápidos dou comigo a choramingar porque a minha saudades é despertada por uma qualquer canção que me caiu na memória instantânea. Estes pensamentos rápidos surgem em nadas, instantes marcados por memórias, segundo lógicas irracionais que me levam a estados meditativos em que olhar nos olhos pode ser perigoso porque normalmente eles dizem mais do que as palavras proferidas. Não quero atingir o estado supremo da sabedoria nem da felicidade celestial, quero apenas ser um eu, realizado na vida, sonhando com olhos de ver e alma de sentir.
27 de novembro de 2020
ser que nem eu
E faz sol e faz chuva num xadrez que não é para entender mas para viver. Acendo a lareira, instrumento útil que me foi dado a conhecer no hemisfério norte, e olhando para a chama vou sonhando com o marulhar, delirando com o perfume da maresia ou simplesmente navegando pensamentos para lá do aqui e agora. Não tem ninguém que seja feliz o tempo todo. Também não tem ninguém que é infeliz esse mesmo tempo. Há sempre um momento que ficou gravado assim ou assado. Eu estou de bem comigo e digo isso é felicidade, privilégio de ser como nem sou. Poucos ou muitos isso não me é importante porque me importa é transmitir a minha ideia: todos os momentos que vivi são meus. Não posso assim ter sentimentos inventados. Vivi-os, com as feridas e os remédios, bons e maus, irrequietos ou tranquilos. Tenho sorte de ser que nem eu.
Sanzalando
26 de novembro de 2020
meditação de outono
E nestes dias de outono a meditação parece ter mais tempo para se apoderar de nós. Meditamos mais e se calhar melacolicamente mais intensa é. Por isso começo por fazer um brinde à memória daqueles amores que deixaram de o ser, que por acasos da vida se despediram e se despiram de nós. Lembro todos eles, mesmo os que fiz tanta força para esquecer. Há amores que até parecem vícios e de quando em vez parece chamam por nós. Acho esses são amores aditivos. Por isso devem existir amores subtrativos. Bolas, estes são aqueles que nos sugam a alma até o tutano se transparentizar e nem ninguém nos consegue ver. Acho nunca tive amores assim. Ou será que tive? Que chato! Hoje vou desmeditar-me por aqui.
25 de novembro de 2020
amar
Mesmo quando faz sol, frio ou simplesmente chove o amor não é um sentimento finito. Não temos só uma quantidade para dar. Nosso coração cria amor á medida que precisamos dele. Tem dias, como o de hoje, que eu sinto uma infinita capacidade de amar.
Sanzalando
24 de novembro de 2020
uma carta à minha terra
Faz tempo não escrevo uma carta. Será que ainda sei como é que se fazia? Naquele tempo tinhas que escrever uma carta para saber ou dizer como é que estavas e coisa e tal. Telefone estava difícil. Tinhas que saber o número e a hora exacta em que o destinatário ia estar ao pé dele. E havia poucos para não dizer muito poucos. Era só por carta e ficavas ansioso á espera ela chegasse lá, o destinatário tivesse pachorra para te responder e aí ficavas a saber um bocado mais. Hoje me apetece escrever uma carta à minha terra. Não lhe vou meter no correio pois tenho a certeza não está lá quem tenha vontade de me responder.
Minha querida terra, tu sim, que me viste nascer e às prestações me viste crescer., como é que tu estás? Faz tempo, anos de dúzia por assim dizer, que não te olho e não te sinto no meu coração. Começo por te pedir perdão deste tempo todo passado, mas não só tenho tido muitas coisas para fazer por cá, como também sei me faltam as palavras para te expressar de modo suficiente o que me vai na alma. Eu sei que tens crescido muito, na altura e na largura pois me têm mostrados fotografias tuas. Mas não é a mesma coisa, falta o perfume, o peso do ar e da vontade. A minha ausência te tem feito doer? Desacredito, pois foi por culpa minha esta nossa separação e tu não ias ficar plantada na beira do mar a me esperar. A minha cobardia, o meu medo e a minha comodidade foram mais fortes que eu e me fizeram ficar por aqui e agora já me faltam as forças de vontade para suportar um recomeço a começar do menos que muita coisa. Tem só paciência comigo e se um dia eu conseguir essa força eu te vou abraçar e fazer esquecer a falta que te fiz neste tempo todo.
Minha terra, espero que guardes um pouco a tua intensidade, da tua força de te ergueres, para quando eu um dia ai chegar tu teres paciência para me ensinar a curar as tuas dores, o teu modo de vida, o teu querer.
Minha terra eu não deixei de gostar de ti. Nem um bocadinho. Foi só mesmo outros amores que me fazem estar por uns aquis tão longe de ti.
Com muita saudade o sempre teu
Eu
Sanzalando
23 de novembro de 2020
eu
Eu tenho cá para mim que sou fruto de uma invenção minha. Sou fruto só dum pensamento meu. Eu não existo. Imagina só eu me olhar e me ver. Não, eu só me penso. Eu sou as minhas palavras, a tradução física da minha existência. Eu sou éter, vazio cibernético, ausência de matéria cerebral. Tanto purifiquei-me que deixei a matéria viva e parti para a imaginação. Eu não sou um ser preso numa existência, uma memória física dum nascimento. Eu sou pensamento. Queres ver daqui a pouco afirmo-me um abstrato?!
22 de novembro de 2020
as coisas deste mundo
Seja que estação for, se a gente vai fechando dentro da cabeça todos os pensamentos, amarguras e desilusões, tudo vai parecer bem maior do que é. A gente não deve perder a curiosidade das coisas, há muito mundo por descubrais, há muita queda para dar, há muitos olhar para trocar. E quando a gente pensa que já disse tudo ou que já ouviu de tudo, há sempre uma surpresa de trás dum silêncio, uma mágoa por trás dum olhar triste. Nem sempre conseguimos remar só em mar chão, muitas vezes navegamos em incertezas, remamos contra nós e com todo o esforço se nos esgota a energia. Até os oceanos destte mundo estão ligados enrte si,
21 de novembro de 2020
serenidade
Aqui estou a ver o zulmarinho. Serenos. Eu e ele. A tranquilidade que ele me transmite me dá uma dormência de vida que até parece é desperdício. Mas fica só no parece porque o que me enriquece a gente nem vê. Aqui eu percebo que há escolhas que fiz para que eu me torne e fique um homem em paz. Até que pode ser uma coisa com dor, minha e alheia, mas faz parte duma decisão de vida. É assim mais ou menos como que fazer uma mala só de coisas essenciais para fazer uma viagem. Nem a mais nem a menos, só o essencial. Não quero transportar peso a mais, não quero estar preso ao chão como que ancorado numa amarra desnecessária.
Aqui estou a ver o zulmarinho. Ambos serenos
20 de novembro de 2020
intervalo de mim
E vou vagabundando pelas minhas ruas e vielas num solilóquio colegial. Gosto-me de conversar. Acho que tenho muito para me dizer nestes dias de outono. Já não sou a criança que brincava o ano inteiro feito verão, que corria os caminhos numa bicicleta sem travões ou num carro de rolamentos feito às três pancadas na minha garagem. Cresci e aprendi a dizer as palavras que não guardo para mim.
Reparo que nesta vagabundagem eu tenho meditado profundamente nos intervalos de mim. Naquele espaço de mim que não é conhecido nem publica nem privadamente porquanto fica no meu eu interior mental.
Não acredito que, honestamente, alguém são, no seu juízo perfeito, se possa enamorar por mim como eu mesmo. Perdoo o tempo que alguém perde em tentar entender-me, quem procure em mim aquela canção que não toca senão no coração, aquela canção de amor que nem eu sei a letra apesar de a achar linda quando a toco. Sim, eu recordo-me de todas as canções de amor que cantei mesmo já não sabendo nenhuma de cor. Sim, eu conheço todas as paixões que tive porque não as guardei em palavras caladas ou silenciadas. Memorizei todos os meus sorrisos apaixonados e todas as cartas de amor que escrevi. Tudo está guardado nos intervalos de mim público e privado.
19 de novembro de 2020
para?
Para onde vão os silêncios? Para onde vão os pensamentos pensados? Para onde vãos os suspiros?
Tantas perguntas a que não tenho resposta. Mas mesmo assim vou continuar a ser quem sou, com os meus silêncios, pensamentos e suspiros. São meus e vou fazer mais o quê?
18 de novembro de 2020
escrever
Tem dias a gente se pergunta escreve porquê? Não tem resposta concisa e pronta na ponta da língua. Uma das coisas é mesmo só porque apetece escrever. Mas não tem gente que lê? Tem. Basta uma pessoa ler e já valeu a pena. Mas eu não escrevo para mais ninguém para além de mim. Tretas. Todos gostamos que alguém leia e se elogiar ainda melhor. Mas não é obrigatório, mas faz borboletas no estômago. Portanto, no outono ou no inverno, em qualquer altura do ano apetece escrever, umas rir e outras chorar. Usa-se a vontade e a vontade não se gasta mesmo que se desgaste.
A gente escreve porque gosta e um dia a gente vai aprender a escrever.
17 de novembro de 2020
a gente tem
Num cantinho do outono aproveito para meditar. Habito antigo de tomar consciência de mim. Ancestral treino para virar páginas da vida, tranquila e eficazmente.
Eu sei que tem gente que vive em tanta obscuridade que não nota que no inverno também há luz. Tem gente que é preciso que a gente mostre que há mais alguma coisa para lá do céu que a gente vê, que há mundo por trás de qualquer montanha, rio ou mar. Tem gente que a gente precisa ajudar a pôr no presente porque está amarrado num passado que não tem futuro. Tem gente, que nem eu, que precisa ajudar apenasmente porque sim e a gente precisa caminhar para equilibrar os desequilíbrios provocados por se imaginar que tem força maior que a real.
16 de novembro de 2020
reiniciar
Tudo pode começar num abraço. Às vezes há necessidade dum reset. Um abraço pode ser esse clique. Ah, mas agora não se pode abraçar... Não tem de ser físico. Um olhar tantas vezes é mais quente... Olhar nos olhos e ver a alma, com sinceridade e lealdade é tão mais-valia que nem Marx lhe descreveu ou descontou. Hoje fiz um reset após um longo olhar.
Sanzalando
15 de novembro de 2020
14 de novembro de 2020
peregrinação
Hoje vou peregrinar. Eu sei que isso é um acto de fé e hoje eu tenho uma fesada que vai ser bom para mim. Posto isto vou sair de mim, abandonar o meu esbelto e saudável corpo e vou caminhar por memórias, percorrer os caminhos diferentes que me lembro, as certezas que não se confirmaram, as dúvidas que nunca perdi, os conhecimentos adquiridos que esqueci, os amigos que deixaram saudades e os outros também. Vou só mesmo peregrinar com fé de que vou chegar a lado algum. É outono e a vida tem de continuar.
Sanzalando
13 de novembro de 2020
fantasma
Hoje me apeteceu fantasmar. Vou caminhando sem que me vejam, meu corpo não espelha sombra, meu movimento não move o ar nem levanta a mais leve brisa. Caminho por pensamentos em caminhos passados. Fantasmei-me do presente. Eu fui.. tanta coisa bonita que me orgulho. Ah! isso? foi um momento menos belo, porém cresci, aprendi. Isso?! foi maravilhoso, fez-me chorar mas tomei conhecimento de coisas que nem fazia ideia podiam fazer a uma pessoa. Fantasma de mim em caminhos que me levam a um hoje em constante mudança.
Mesmo a fantasmar sou feliz.
12 de novembro de 2020
natal é quando se quiser
Olho na minha volta e penso que o Natal é quando a gente quiser. Foi sempre isto que ouvi e agora vou mudar mais porquê? Prendas e comida à farta? Te portaste bem? Tens fome ou gula? Coisas pequenas para dar importância ao Natal. Festa da família é quando e como a gente quiser. Começo hoje a dar as minhas prendas:
- Um soco forte no estômago àqueles que se preocupam mais com o durar para sempre do que disfrutam o que têm;
- um pontapé na bunda aos que pensam que são o centro do universo, o ponto primordial da existência
Hoje fico por aqui a preparar a minha ceia natalícia a somar os ocasos e as subidas da minha montanha russa que é a minha vida. Feliz que sou.
11 de novembro de 2020
os medos
Uso os dias como se amanhã não tivesse. Ontem não sabia como é que ia ser hoje. Hoje tem sido muito bom. E depois? Desconhecimento certo. Assim, cada momento é único e vivível ao máximo. Tenho medos? Claro. Não me importam quanto sejam ruidosos ou penosos, sei que os tento incinerar à nascença e às vezes desconsigo. Remoem-me a paz mental, revoltam-me o físico, atabalhoam-me o espírito. Mas não tento gostá-los, dar-lhes um tom engraçado ou distraído. Tenho-os como medos na mesma. Eu tenho de viver com os meus medos. Ainda não cheguei à loucura.
10 de novembro de 2020
vida de paz
Caminho sobre os meus segredos, aqueles que nunca foram falados, sussurrados ou apenas insinuados e que me consomem por dentro. Esses são os meus verdadeiros segredos. Bons ou maus? São os meus segredos e assim vão continuar a ser, mesmo que eu, consumada e sacrificadamente caminhe por eles numa catarse minimalista.
Ponho os meus olhos de mistério, deixo a minha mente caminhar pelos segredos, dirão alguns que caminho na loucura, quando apenas vou caminhando nos meus segredos. Não os desvendo porque sinto necessidade de esconder algo para mim, algo que sou eu, somente meu. Não sou feito gota a gota, mas sim de segredo em segredo, de vida em vida, de momento a momento, conseguindo crescer e me mostrar como sou sem me revelar na totalidade. Um simples estalar de dedos me trás à realidade do aqui e agora, das borboletas que voam, dos olhos que riem das palavras simpáticas mesmo que caladas.
Eu sou vida carregado de coisas, visíveis e misteriosas até me encontrar no meu ponto de paz.
8 de novembro de 2020
7 de novembro de 2020
amor e o tempo
Eu aprendi a viver contigo,
mas sem ti a meu lado
eras uma constante, um abrigo
num silencio calado.
Aprendi a respirar o teu nome
quase esquecendo o meu
senti borboletas de fome
sonhando o rosto teu.
Eras uma constante
amiga e confidente.
Estavas distante
mesmo noutro continente
Olhei fotografias,
guardei recordações
e com o passar dos dias
perdi-me noutras paixões
Sempre quis mais
sem medir intensidades
e tu foste uma das tais
que quis ter por eternidades
Mas o tempo foi-te apagando,
o amor feito dor
fui-me mudando
como murcha uma flor.
6 de novembro de 2020
mar de saudade
Se calhar faz hoje anos que eu estava na praia a apanhar banhos de sol e a namorar sem que ela soubesse que eu lhe namorava enamorada e profundamente. O boca-de-sapo-tinha pousado suavemente no estacionamento das arcadas, tu, que caminhavas suavemente na elegância dos teus 15 anos, alta e direita porém não altiva, em direcção à areia onde eu deitado te procurava no melhor ângulo de te ver sem ser visto. Se houvesse mais mar daquele eu me afogava, me afundava, por ter engolido tantas vezes as frases de amor que decorava e repetia no espelho de casa para mais tarde para sempre calar. Mas nesse tempo eu engoli os restos de tanto amor, apaguei tantos incêndios ardentes no coração que se sofresse de remorsos eu era uma manta de retalhos. Mas nesse mesmo mar eu naveguei sonhos levando-te como capitã num barco que afinal nunca houve. Tu fugiste do meu barco porém eu continuei a navegar até chegar a algum porto que me abrigou, felizmente.
Se calhar faz anos hoje e tu nem eu nos lembramos de quase nada.
5 de novembro de 2020
amar a vida
Sorrindo à vida, cabeça levantada, sigo caminho sabendo que uns dias estou assim e outras nem tanto. Mas é ela, a vida assim e vou fazer mais como? Tem dias que o dia corre parece é flecha e outros que a noite parece nunca mais chega. Vou fazer mais como? Viver. Isso é importante. Chove? Te resguarda. Venta, te protege. Soleia? Te abriga. É a vida, esta inconstância maravilhosa de vivê-la. Na vida parece que o principal problema é ter-se amor para não se sentia vazio, isolado, quando na verdade é o contrário, a gente precisa de vida para amar.
4 de novembro de 2020
viva-se
Acho que tudo na vida é irrepetível assim como o amor é indestrutível enquanto durar. Eu acho e a realidade me tenta mostrar o contrário só para me contrariar. Olho para o mapa mundo e vejo-o plano. Gronelândia gigante e Austrália gigante. Eu não acredito. Mas eu compreendo a representação. Estudei-o e percebo porque é que assim me parece. Agora a vida... pode ser que às vezes faça falta um olhar adocicado, uma carícia ou um sorriso. A vida é um constante amanhecer com um dia pela frente, uma incógnita fugaz que rapidamente se desfaz, um namoro eterno enquanto durar, uma alegoria que floresce enquanto a noite se transforma em dia, um namoro enamorado, fantástico, mágico, por vezes trágico, boémio, errante, silenciado ou irritante. A vida é para se viver e mais tarde compreender em forma de saudade. A vida é ela mesma. Viva-se.
Sanzalando
3 de novembro de 2020
outono
Olha só o tempo a me querer ensinar. Ele quer eu seja instável. Quer eu vente, brilhe ou molhe. Ele quer eu despenteie o alinhamento da vida como se fosse um canavial. Ele quer eu brilhe cinzentamente num dia a dia. Ele quer eu faça chorar o agora. Mas eu instavelmente imperturbável. Contradição outonal. Eu aproveito o outono para me rever dentro, correcta e definidamente. Eu afinal até te gosto, ó outono.
2 de novembro de 2020
ser feliz
Me sento num passeio que ladeia a minha rua. Olho para lado nenhum. Não vou meditar no zulmarinho porque até parece vai chover e se tem coisa que hoje nem me apetece é ficar molhado. Mesmo que eu pense que eu seja um plural de mim antigo, um abrigo de felicidade, uma bolha de liberdade, um ser inexistente, nada, não me apetece ficar molhado. Euforicamente medito sentado no passeio da minha rua porque posso voltar para dentro mal caia o primeiro pingo de chuva. A euforia vem da minha alegria interior, da minha sabedoria de mim, do meu aroma a mim mesmo, do ser diferente por ser plural. Um eu só é solitário demais para a minha alegria de ser feliz.
Sanzalando
1 de novembro de 2020
mar de vida
E sem deixar o barco à deriva vou navegando lenta e calmamente.. Já me contei estórias para me lembrar de onde venho, o que fui fazendo, os portos por onde aportei e um dia escreverei estórias que realmente vivi sem me importar da felicidade que sempre procurei.
Não, não existe nenhuma raxa, fissura ou buraco por onde esteja a entrar água e eu me sinta a afundar. Simplesmente sei que não sou um barco totalmente à prova de água, que há coisas que podem acontecer, pessoas que chegam e partem, entendimentos que se desentendem, finais felizes que deixaram de o ser, cansaço, mágoas, tristezas e até frustrações, tudo coisas que podem alterar a flutuabilidade do meu barco. Eu não quero ver o meu barco no fundo porque seria o inevitável fim. Eu ainda quero escrever as estórias que me faltam, ainda quero viver a vida que me falta, ainda quero dar os abraços que me faltam.
É por tudo isto que eu navego lenta e calmamente por este mar de vida.
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