E faz sol e faz chuva num xadrez que não é para entender mas para viver. Acendo a lareira, instrumento útil que me foi dado a conhecer no hemisfério norte, e olhando para a chama vou sonhando com o marulhar, delirando com o perfume da maresia ou simplesmente navegando pensamentos para lá do aqui e agora. Não tem ninguém que seja feliz o tempo todo. Também não tem ninguém que é infeliz esse mesmo tempo. Há sempre um momento que ficou gravado assim ou assado. Eu estou de bem comigo e digo isso é felicidade, privilégio de ser como nem sou. Poucos ou muitos isso não me é importante porque me importa é transmitir a minha ideia: todos os momentos que vivi são meus. Não posso assim ter sentimentos inventados. Vivi-os, com as feridas e os remédios, bons e maus, irrequietos ou tranquilos. Tenho sorte de ser que nem eu.
Sanzalando
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