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24 de novembro de 2020

uma carta à minha terra

Faz tempo não escrevo uma carta. Será que ainda sei como é que se fazia? Naquele tempo tinhas que escrever uma carta para saber ou dizer como é que estavas e coisa e tal. Telefone estava difícil. Tinhas que saber o número e a hora exacta em que o destinatário ia estar ao pé dele. E havia poucos para não dizer muito poucos. Era só por carta e ficavas ansioso á espera ela chegasse lá, o destinatário tivesse pachorra para te responder e aí ficavas a saber um bocado mais. Hoje me apetece escrever uma carta à minha terra. Não lhe vou meter no correio pois tenho a certeza não está lá quem tenha vontade de me responder.

Minha querida terra, tu sim, que me viste nascer e às prestações me viste crescer., como é que tu estás? Faz tempo, anos de dúzia por assim dizer, que não te olho e não te sinto no meu coração. Começo por te pedir perdão deste tempo todo passado, mas não só tenho tido muitas coisas para fazer por cá, como também sei me faltam as palavras para te expressar de modo suficiente o que me vai na alma. Eu sei que tens crescido muito, na altura e na largura pois me têm mostrados fotografias tuas. Mas não é a mesma coisa, falta o perfume, o peso do ar e da vontade. A minha ausência te tem feito doer? Desacredito, pois foi por culpa minha esta nossa separação e tu não ias ficar plantada na beira do mar a me esperar. A minha cobardia, o meu medo e a minha comodidade foram mais fortes que eu e me fizeram ficar por aqui e agora já me faltam as forças de vontade para suportar um recomeço a começar do menos que muita coisa. Tem só paciência comigo e se um dia eu conseguir essa força eu te vou abraçar e fazer esquecer a falta que te fiz neste tempo todo.
Minha terra, espero que guardes um pouco a tua intensidade, da tua força de te ergueres, para quando eu um dia ai chegar tu teres paciência para me ensinar a curar as tuas dores, o teu modo de vida, o teu querer.
Minha terra eu não deixei de gostar de ti. Nem um bocadinho. Foi só mesmo outros amores que me fazem estar por uns aquis tão longe de ti.
Com muita saudade o sempre teu

Eu


Sanzalando

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