Cacimbou. Não dá para vestir fato de banho e dar mergulhos. Só no pensar e o corpo se arrepiou. Sento-me nas arcadas e olho as palmeiras que lhes intervalam e vejo como cresceram na minha ausência. A jangada está em terra, a areia não tem nem uma pessoa nem uma gaivota e não vejo nenhum caranguejo a passear na beira do mar. Também a minha vista já não como é que era.
Cacimbou e eu medito sentado na arcada a ouvir o marulhar deste mar a se espraiar na areia. Imagino a temperatura e me arrepio. Custa olhar esse mar e não entrar nele. Nem um joguinho de bola na areia apetece. País tropical e com tanto frio? Devo estar a ficar velho ou o tempo já não é o que era.
Os biquinis que vejo na minha memória nada têm a haver com os que via quando era o calor quente dum verão que não tínhamos na escola. A memória se defeituou e os corpos enrugados já não mostram a frescura quente desse verão.
Os másculos adolescentes que jogavam à bola sem se importar se incomodavam os novos que queriam ficar a admirar os corpos esbeltos daqueles biquinis deixaram crescer a barriga e já devem ter saudade de conseguir apertar os sapatos sem artifícios ou outras acrobacias.
Os kotas que trazem a família e suas merendas para um dia completo de praia já não moram neste mundo e cada um foi para seu lado e já não piquenicam em lugar nenhum.
Cacimbou e as zangas de verão se vão manter em casa, até que no próximo verão vêm à rua novamente e tudo recomeça faz de conta é guerra de bairro ou de namoradas desfeitas em lágrimas que ninguém viu.
Cacimbou e eu fico nas arcadas a ver o tempo passar.
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