Para mim sempre foi mais que evidente que o ser humano, eu, nunca iria conseguir viver em isolamento. Quando estudava ou quando li qualquer coisa sobre ética e civismo, aprendi o conceito de sociedade e de viver em conjunto. Eu nunca daria para viver como um ermita. Tanta solidão ia me matar em menos que um nada de tempo. E assim sem minha autorização apareceu essa de pandemia e o isolamento consequente. Literalmente passei a ser um doente, mesmo sem doença. De repente fui impedido de tocar, de ver com as mãos. O calor humano era filtrado por máscaras e escafandros. Passei a sofrer de distância, de distanciamento e de desamparada alma. Eram os doentes e era eu, todos estamos doentes. Sentia. Eu impedido de tocar, de sentir o meu doente. Ia virar médico de espírito? Pequei vezes sem conta. Arrisquei, mas preferia sofrer física do que mentalmente.
Acabou a pandemia, mas acho a minha mente não recuperou daquele enjaulamento. Tanto escafandro que me afogou e me prendeu em ressentimentos e confinamentos ao ponto de eu pensar que a solidão é uma dor insuportável.
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