Era início da noite. Faz pouco tempo tinha jantado. Devo ter comido coxas de frango porque os jantares de segunda-feira eram sempre. Bebia o café no bar e chamam-me com urgência à urgência. Desatei a correr. Sempre fui assim. Rápido e instintivo.
Um jovem na reanimação, consciente, culto, educado e dizia que não sentia nada do pescoço para baixo. Não tinha feito nenhum exame porque acabava de chegar. A areia da praia no seu corpo denunciava de onde vinha.
- Jovem, vamos com calma e conte-me o que é que estava a fazer. disse eu com a minha voz mais meiga e suave que conseguia.
- Estava a mergulhar na praia. Nem era das Rochas. Era mesmo só da praia.
- É habitual ou só usa a praia neste mês de verão? eu tentava manter conversa calma e fazer com que as lágrimas não me caíssem olhos abaixo.
- Só no verão e até nem é hábito dar mergulhos. Mas Estava na brincadeira com a minha namorada e nem vi se estava onda ou não quando mergulhei.
- Vamos lá fazer um TAC...
- É grave?
- Sem um TAC não lhe sei dizer. Esperemos que não. mas acho que esta última frase ele não chegou a ouvir porque não consegui mentir com convicção e a voz sumiu.
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