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26 de janeiro de 2005

Serenidade

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Hoje, 14:56
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Conversas de Café
Mermão, agarrados a estas birras geladas, trocando palavras, esquecemos que existe um início e nunca um fim, porque me disseram que acabar é morrer por isso desconheço o fim. Vamos trocando palavras, algumas soltas e outras amarradas em preconceitos, defeitos e sem jeitos, sempre na esperança de chegarmos ao início desse zulmarinho que me perfuma e me faz descançar o cérebro.Mermão, manda vir mais birras loiras e geladas para aquecermos o sangue que está frio da osmose simbiótica do polo norte. Imagina só, mermão, se o polo não tinha norte e andava na deriva... Imagina, mermão, de tronco nú, mostrando a forma escultural de um corpo flácido e quase transparente de falta de sol, a levar com um vento polar sem destino. Aí sim, mermão, estavas no fim porque tinhas acabado. Mas estás aqui a soltar palavras comigo num nexo que às vezes deixa preplexo a conjuntura desconjuntada de um pensamento não pensado.Manda vir mais, mermão, que as palavras ainda saiem soltas.Mermão, faz de conta que tens um número de telefone que te pode abrir portas que pensas estão fechadas por cadeados invisíveis na tentativa de deixar crescer mas cuidado que não podes ser mais alto que eu, esperas que ele toque e ficas hipnotizado nos números que seguem sucessivamente marcando os minutos e se mantem o silêncio. Mermão, é sempre assim um início. Nervosa e ansiosamente o início parece não ter pressa de começar.Mas, mermão, sempre tem um início que pode é começar mais tarde. Mas que tem tem. Escreve aí que eu escrevo aqui nos meus neurónios possidónicos.Até lá, mermão, vou escrevendo cartas com água do zulmarinho na esperança que as letras cheguem lá no início dele e a conterra as possa apanhar e pôr no peito aconchegando de mimos. Desculpa, mermão se te roubei o tempo que não é precioso porque o tempo passa para todos na velocidade dele.Bebe e paga que como sabes eu só posso mesmo é beber que pagar te deixo a ti, com sempre.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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