A Minha Sanzala

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4 de janeiro de 2005

Uma carta não escrita

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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03-01-2005 18:42
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Conversas de Café
Senta por aqui, mermão, e vamos ouvir esse murulhar das ondas nas rochas desse zulmarinho que a noite escura não deixa a gente vê-lo com olhos de ver.Sabes, mermão, hoje apetecia mesmo escrever uma carta em tinta permanente, para ser permanente mesmo, dirigida a ninguém e a falar de nenhures. Uma carta só, que levasse lá dentro o perfume desse zulmarinho que tem o início lá mesmo onde ele começa.Apetecia mas não vou escrever, avilo, porque ia dar no circulo vicíoso, tal como os anos que começam sempre a 1 de Janeiro. Ia escrever e ia repetir as mesmas queixas, falar dos mesmos tabus, com as mesmas pessoas e nos mesmos espaços ainda não arejados. Ia escrever, camba, mas desapeteceu porque ainda vai havendo gente que não acredita que o zulmarinho tem o início dele mesmo lá, que acredita que a terra está no cotton que fica no umbigo.Por isso, mermão, fico aqui sentado contigo, bebendo umas e outras e sentindo o perfume do zulmarinho que com esta escuridão não dá para o ver com olhos de sertir ele dentro de nós.Por isso, mermão, fico aqui a ler os escritos sabáticos que escolhi, dos cambas que me apetecem, usando a tua presença para não sentir o vazio da solidão afogado num copo de uma loira estupidamente gelada.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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