Caminhámos para o grande lago. Árvores enormes continuam a guardá-lo dos ventos e brisas. Flores nos canteiros mostrando as vistas de memória. O grande lago para tristeza minha estava seco. Se viam as lajes cobertas de capim, a profundidade que nos outros tempos me parecia grande era agora mesmo ali à mão de secar. Caminhámos nas suas margens, tristes, profundamente tristes recordando sonhos passados, namoros namorados na relva que ainda o continua a servir de descanso. Água mesmo só perto da prancha de saltos. Todos os bagres que estavam naquela piscina estavam agora ali concentrados. Até quando perguntei eu a ninguém, pelo que não tive resposta. Subi a prancha donde nunca tivera coragem para saltar. Agora mesmo que a tivesse era-me impossível. Uma lágrima quis sair dos olhos mas a força de vontade fê-la recuar, era uma lágrima salgada num lago de água doce. Desci pelas escadas. Fui à Carreira de Tiro. Intocável. Ainda há quem a use. O Estádio, onde a gente se distrai a ver de longe a cidade em vez de ver a bola que rola na relva ali estava, majestoso como sempre. Mas o meu pensamento não saia do grande lago que fora outrora e que agora parecia apenas um buraco lajeado e esverdeado. Até quando, perguntei-me novamente? Calado não me respondi. Passeámos pelos jardins que continuam a ter as suas roseiras. Olhámos de longe o Casino, traça e cor originais. Intocável pelo tempo. Recusei-lhe visitar. Conhecia-o de um ou outro baile, de uma ou outra festa em que lá fui em trabalho. Não o quero conhecer agora. Dali, daquele passeio pedestre seguimos até ao miardouro, onde há poucas horas, noite dentro eu havia visto a cidade, as luses da cidade grande, maior que a recordação. E é. Em plena luz do dia consegui ver que era bem maior que na noite que lhe tinha visto. Acho mesmo que os meus olhos já não conseguem ver onde termina a cidade e começa o mato. Ali é o Hospital, Ali aquilo e aqueloutro. Daqui de cima quase me lembrava de todos os seus cantos e encantos. Daqui de cima é a minha cidade. Descemos. Parámos na curva do garrafão. Revi os filmes das muitas 3 horas do Lubango que eu havia visto. Demos a volta à pista. Passámos na meta depois de fazer a curva do João de Almeida, substituído por uma estátua que não sei o quem representa agora mas está bonita de bem feita. Parámos na curva do Casino, no fim da recta da meta para ver se me lembrava da árvore onde batera o Corte Real Pereira na última corrida que fez. Fui atraiçoado pela memória. Era uma daquelas ali, pensava eu, que estava ali perto no dia a fazer reportagem para o rádio lá da cidade do deserto. Seguimos o nosso passeio de reconhecimento. Um kartódromo com ar de bom aspecto e funcionalidade. Não parámos para eu fazer o gosto ao dedo, que é como quem diz, ao pedal. Passámos no Pavilhão, onde vi bons jogos de basquetebol e outras coisas mais tais como a Tonicha a ser puxada pelo marido que era empresário ou vice-versa, vi o Nelson Ned do alto dos seus 50 cm de altura e voz de deixar cair o tecto de forte que era., e onde parece que continua tudo a funcional na perfeição. Logo depois dele virámos na esquerda e vimos um empreendimento turístico com gazelas e tudo, em grande ampliação. Cidade em crescimento. Depois de por esse caminho termos reentrado na recta da meta, logo depois das boxes virámos à direita e fomos até ao Colégio Português. Não é que a cidade está a crescer naquela direcção com casas de fazer inveja? Pois é, se me distraio um dia não vou conhecer a minha cidade. Só espero mesmo que ela não venha a ter o trânsito da capital. Aqui se anda de carro, não se passa o dia sentado no carro. Mas curioso é que a maioria dos carros tem volante na direita, mas que agora está proibido comprar mais assim. È difícil conduzir assim com o trânsito a correr como que no sentido contrário, alem de que é perigoso pois um gajo sai do carro em pleno meio da estrada. Com isto tudo é hora de ir no almoço.
Carlos Carranca
Conterra
ResponderEliminarSobre a gripe das aves...
Vou jogar a galinha pro quintal dos caes. O de casa tbm vai para serem mesmo 3 contra ela...
Abraço
Armanda