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21 de fevereiro de 2006

Uma estória verdadeira(63)



tentando voltar ao ritmo
Convidados mais de 50 é que nem vinte eram. Poucos mas bons disse logo alguém e com toda a certeza que tinha razão. Porque quem disse que vinha e não aparece é mesmo porque não é amigo e portanto não conta. Se inventaram explicações mas uma sempre pior que outra pelo que se deixou de fazer de conta com os outros e se acabou mesmo por ficar a gente que estava e mais nada. Servido o jantar, que bem se como no Lubango, pensei eu com os meus botões não dizendo nada para não pensarem que eu era um esfomeado, com anedotas e gargalhadas no meio chegou a hora de alguém ir num carro não sei quantos buscar o bolo e se apagar as velas. Não é que afinal havia dois bolos. A senhora directora, o Zé, o Ti e vais ver com a cumplicidade da co-pilota me haviam escondido que eu também fazia parte da festa. E havia dois bolos e tudo. Fui enganado e me parece que como se costuma dizer bem enganado. Se cantou por duas vezes os Parabéns a Você, primeiro para ele que é mais velho e por duas vezes se apagaram as velas dos bolos. O que me era destinado como não podia deixar de ser tinham-lhe desenhado um zulmarinho com um peixe dourado que não era mais que eu feito em estilo livre. Discursos e palavras amigas. Abraços e beijos. Me deram um presente. Um maravilhoso presente. Uma garrafa de cor verde que tinha lá dentro a resposta à carta que eu havia mandado desde o fim do zulmarinho até ao início dele dentro duma garrafa cor de âmbar. Num resumo a resposta dizia: Eu te Amo, assinado Angola. Escusado será dizer que a gota desse zulmarinho que estava prisioneira no meu olho se libertou e deixou marca na cara, um carreiro de sal. Recomposto da surpresa fiquei a escutar que Abraão cantava o fado à capela. Não é assim que se diz quando se canta sem acompanhamento? Se não for me desculpem que o meus conhecimentos de música não dá nem para cantar as Rosas que lhe dou. Lhe aplaudimos e depois começou o baile. Os Cd começaram a rolar no tocador e os corpos se rebolaram na ampla sala. Uma noite se sonho e alegria mesmo com os outros que não vieram e por isso não fizeram falta nenhuma. Poucos mas bons deu para farrar ao som dos redondos que alguém tinha levado já a pensar na farra.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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