recomeça o futuro sem esquecer o passado

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13 de fevereiro de 2006

Uma estória verdadeira(59)


Quando a gente segue rumo ao início do Zulmarinho mesmo? Vai ter que ser só depois de segunda feira. Quê? Vamos ficar aqui a dar trabalho mais esse tempo todo. Não dão trabalho, disse ela logo assim sem pensar. Tas a ver, né, a gente vos gosta mesmo de vos ter aqui e tas a ver, vocês não podem ir embora assim. Yah! Então tá bem. Então vamos mesmo na segunda, porque eu quero mesmo ir lá no início do zulmarinho, lá onde bebi a primeira água, onde cai a primeira vez, onde entrei no mar, onde fui quase tudo, disse eu sem muita convicção. Estava a renamorar a tinha onde tinha nscido e mesmo que a gente viva noutra aquela é a que nos está no sangue, nos corre pela alma e ainda por cima é mais bonita porque a vejo com os olhos de gente madura.
Um dia destes vamos fazer um pic-nic na Humpata. Quer dizer vamos se não estiver como agora a chover, pois assim não vão aparecer as formigas e pic-nic sem formigas não é pic-nic. Mas esta chuva só molha mesmo devagar, mas o raio é que molha. Esta era a combinação ainda com outro casal amigo que já te contei lá para trás. Mas o hoje ainda estava a decorrer e porque é que já estou a falar em amanhã? Pois porque não tenho lembranças do resto do dia de hoje, porque achas que devia de ser? Não trouxeste a sebenta e agora estás feito que não te lembras.
Mas que vale é que há quem recorde que quando fomos lá no Cristo Rei ele estava fechado porque estava em obras mas o guarda com a sua simpatia nos levou até lá a cima e nos falou de tanta coisa que até disse que ali, no pé do Cristo Rei, pertinho da ruína da pousada que nunca existiu, vinha sempre nas onze da noite uma onça beber água. Procurei pegadas assim num olhar rápido e disfarsante e não lhe vi nenhuma, mas se ele diz é porque é verdade. Eu é que não vou lá nem às dez nem às onze, não vá ela não ter relógio e sou-lhe agarrado.Assim sem lembranças se passou o resto do dia. Vais ver bebeste cerveja demais que até esqueceste e depois vais lamentar ter esquecido. Mas quem conta a verdade fica mesmo perdoado. Né?
é isto que acontece quando se 'parte' o disco de um computador e não há uma cópia de segurança, há que reescrever tudo, apanhar o que está ecrito, re-localizar-se. Em resumo: uma trabalheira

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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