recomeça o futuro sem esquecer o passado

Podcasts no Spotify

1 de fevereiro de 2006

Uma estória verdadeira(51)


Parabens Cristina por este teu aniversário



Assim num repente me lembrei que também me tinham ligado dum telefone fixo a quando das combinações. As novas tecnologias têm a capacidade de memorizar as coisas pelo que liguei eu para o referido número fixo. Se tivesse confiado na memória era o relento que nos esperaria. Quando perguntei pelos cambas que deviam de estar à nossa espera, à espera do nosso telefonema, voz simpática do outro lado nos disse que foram ter com vocês, estavam aqui em pulgas. Eu não disse isso? Parece que sou bruxo. Pois é, nós estamos aqui e o que fazemos? Sabem onde é o Colégio das Madres? Se eu não soubesse me dava uma coisa má, pois não foram as poucas vezes que eu saltei aquele muro para ver as garinas nos tempos em que era mais novo e consequentemente menos racional. Sei sim senhora! E lá deu as indicações de vira aqui, segue para ali e eu, servindo de verdadeiro co-piloto, fui guiando o homem do leme até mesmo à porta. Perdemo-nos uma vez porque esquecemos que a primeira não contava porque era sentido proibido. Mas se isso não tivesse acontecido não tinha piada pois até parecia que não tinha passado nenhum tempo. Camba, amiga mesmo do coração, que nunca nos havia visto nem mais gordos nem mais novos nos abriu a porta de casa, nos meteu lá dentro e ali ficámos até sermos contactados pelos nossos ansiosos salvadores. Quando eles nos ligaram perguntaram onde é que a gente estava e eu respondi que estava junto ao muro do referido Colégio porque queria matar saudades. A voz doce do outro lado da linha foi pronta a dizer então não saiam daí porque é perto. Ok, disse eu, escondendo uma enorme vontade de rir. Pouco depois novo toque telefónico. Onde estão vocês que já demos a volta toda e não vos vemos? Aí foi a minha vez de brilhar e dar as explicações que me tinham dado. Sacanas, me disseram do outro lado da linha. Estávamos mesmo na casa dela.

Fazendo aqui um parêntesis na viagem só para dizer que lhe conhecia
apenas da escrita no computador. Me lembro como que assim vagamente no kota dela
que morava lá no Namibe pertinho da casa de uma tia minha. Lhe havia visto em
tempos numa foto com amigos meus. De resto lhe desconhecia na totalidade. Ela, o
marido, o filho e a mãe são pessoas de muitas estrelas e quero desde já deixar
aqui o meu reconhecimento e dizer-lhes que me ficaram gravados no coração para
sempre.
Voltando ao novelo da meada que é como quem diz à confusão de letras seguidas para contar uma aventura.Fomos para a rua esperar a chegada dos ansiosos receptores destes pobres três aventureiros que viajavam ao sabor e combustão dos vapores do gasóleo. Mal saíram do carro eu parecia que lhes conhecia faz tempo. Abraço mais caloroso não podia ter recebido. Era mesmo calor de amizade que estava a sair daqueles corações. Olhámos bem no carro e dissemos bem que a gente vos viu passar. Mas sabíamos lá que eram vocês. Família boa mesmo que a gente veio de encontrar aqui no Lubango. Palavra puxa palavra, conversa afiada, piropos trocados e é que alguém apaga a luz e começa a cantar os parabéns a você. Nem mesmo tanta emoção deixou passar mais que um minuto da meia-noite. Um Maboke e uma vela. Melhor prenda de anos não podia ter recebido. Sei que ainda posso receber muitas, mas assim, na terra em que ficou uma parte de mim, a parte que me liga para sempre à terra, com um fruto que é um dos meus frutos preferidos, com gente assim à minha volta…será impossível de esquecer.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

4 comentários:

  1. Conterra

    As letras e linhas que compõem as tuas estorias, deixam-nos ver um coração aberto...
    Quando te conhecemos ao vivo e em directo, essas estórias viram prefácio na estória da amizade que não vai ter fim...
    Armanda

    ResponderEliminar
  2. todos os agradecimentos que te possa fazer serão sempre poucos

    ResponderEliminar
  3. Voçês são sem sombra de dúvida muito especiais, meus amigos, uma amizade "só porque sim" e "que não vai ter fim" está bem guardada no meu coração.

    ResponderEliminar
  4. Podes crer que somos. Neste somos não te esqueças que estás incluida.

    ResponderEliminar