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14 de fevereiro de 2006

Uma estória verdadeira(60)




Sábado de manhã. Ti, Zé e co-pilota que não tem GPS vão mesmo no RoqueSanteiro aqui da terra que também é grande mas não tão grande como o verdadeiro, aquele que é só o maiopr mercado do mundo céu aberto. Mas este que lhe fica atrás deve andar por aí nos 10. Eu não vou que não gosto de shoopings e coisas similares. Fico mesmo em casa a fazer companhia a quem fica. Ali vou andando para trás e para a frente saindo da frente da azáfama, que não quero é atrapalhar a ordem da casa. Eles chegaram do mercado risotas e gargalhadas. Pelos vistos gostaram da passeata. Eles trazem galinha mas deviam ainda ter pago mais pois a galinha no caminho ainda lhes deu de presente um ovo. Portanto compraram galinha recheada, ao preço de normal. Descarregar compras, provar algumas coisas de lá trazidas e agora vamos mesmo onde? É, vamos na Tundavala, disse o Zé por detrás dos seus óculos. Há muito mais que 30 anos que não aprecio essa obra do Arquitecto. Meu rosto se iluminou de alegria. Parados no Café da Huíla para a bica matinal que sem essa bebida escura e quente não tenho cérebro para funcionar. Dali rumámos na Senhora do Monte passando pelos sítios do costume, mais um tempo para admirar o Grande Hotel da Huíla que na sua cor bem amarela estou certo que os astronautas lá da Estação Espacial se orientam pela passagem pelo Lubango na sua órbita e ficam a saber a quantas andam. Mais uma vez olho na direita e vejo o majestoso Hospital Central da Huíla como que em voz calada a me chamar. Me apetece deixar os cambas e ir para lá. Me seguram os pensamento e como que desisto por agora. Depois do bispado virámos na direita e seguimos para a Mapunda . Não vemos nenhum mapundeiro, mas que os há, há. A caminho parámos numas majestosas pedras que imitam as ruínas. Vais ver foi aqui que começou o mundo. Começo logo a ver o filme da minha imaginação a passar no ecran do pensamento. Só um grande Arquitecto conseguiria pôr esta ordem de coisas nesta disposição arquitectónica. Tirando nós só ali estavam os lagartos a se aquecer ao sol. Uns mais bonitos que os outros. Escaladas e fotos para mais tarde recordar foi a sessão. Rumo destinado é mesmo a Tundavala. Obra máxima da criação natural. Pensava eu até que amanhã me vou desmentir, mas isso fica para manhã que ainda estou no hoje e não me quero atropelar na ordem dos pensamentos e baralhar-me ainda mais. Não fosse a neblina e eu estaria aqui a descrever-te uma paisagem não só paradisíaca como também a fazer voo livre de pensamentos. Dá para ver mas não dá para sentir o muito longe que podia ver. A cortina está fechada pelo que a Bibala fica ali mas não se vê. Mais fotos, mais estórias contadas, umas de cores garridas outras bem cinzentas. Mas isso são contas de outro rosário, já ultrapassado e portanto que fazem parte da História e não contam neste presente. Chega uma outra excursão que pela cara são do outro lado do planeta que até ficam com os olhos em bico. Não sei se pelo que viram se já eram assim. O guia lhes dá uma pedra a cada um e eles se divertem a atirar lá para baixo e ver o tempo que demora a fazer o barulho da chegada. Se todos fizerem assim vais ver que um dia a Tundavala não tem fenda mas tem um monte de calhau empilhado. Vai para o guiness pelo monte de calhau feito pelo Homem na destruição da natureza. Mais fotos de muitos ângulos. É mesmo uma maravilha da natureza e merece ser fotografada como modelo dessas que estou a pensar neste momento mas não digo para ninguém se quer pensar em me atirar até lá no vazio que eu não trouxe o meu parapente. Eu não quero sair daqui! Fico mesmo já aqui que é aqui que eu estou bem. Mas me dizem que não pode ser e me chamam de novo à realidade e lá tenho que voltar nessa dura e crua realidade.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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