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25 de fevereiro de 2006

A formiga e a Cigarra

A CIGARRRA E A FORMIGA
A versão clássica:
Era uma vez uma formiga que trabalhava de sol a sol, construindo sua casinha e acumulando alimentos para o longo Inverno que se aproximava. A cigarra pensou: "Que idiota!" E passou o verão a cantar, sempre a cantar. Assim passou todo o verão; ao chegar o Inverno, enquanto a formiga estava aquecida e bem alimentada, a cigarra não tinha um telhado, nem comida e morreu de fome.
Esta é a versão moderna:
Era uma vez uma formiga que trabalhava de sol a sol, construindo a sua casa e acumulando alimentos para o longo Inverno que se aproximava. A cigarra pensou: "Que idiota!" E passou o verão dando gargalhadas, cantando e dançando como nunca o havia feito.
Ao chegar o Inverno, a cigarra, tremendo de frio, montou uma tenda de capanha na entrada da toca da formiga e convocou toda a imprensa para uma entrevista e exigiu explicações:
- Porque é permitido que a formiga tenha uma toca aquecida e boa alimentação, enquanto as cigarras estão expostas ao frio e a morrer de fome?
Todos os órgãos de imprensa compareceram à entrevista; tiraram muitas fotos da cigarra que tiritava de frio e com sinais de desnutrição. As imagens dramáticas na televisão mostraram uma cigarra em deplorável condição, sentada num banquinho debaixo de uma barraca de plástico preto e mais adiante mostraram a formiga na sua toca confortável, com uma mesa farta e variada, roeada de todas as mordomias. O povo ficou perplexo e chocado com o contraste.
A notícia recebe apoio popular imediato, é exigido ao Governo que os recursos devem ser dirigidos à ONG Fome Zero e propõe uma Revisão Orcamental que aumente os impostos para as formigas e ainda obriga a comunidade formigueira a promover a integração social das cigarras. A formiga é multada por supostamente não entregar a sua quota de folhas verdes ao Ministério das Folhas e não tendo como pagar todos os impostos e contribuições que foram apurados retroactivamente, pede falência.
O Parlamento cria uma comissão de inquérito para investigar a falência fraudulenta de inúmeras formigas abastadas. O Ministério das Folhas nomeia uma comissão de auditores fiscais suspeitando de que as formigas tenham desviado recursos do FF5 (Folhas Frescas nº 5) do Banco Central e suspeitas de lavagem de folhas.
A cigarra decide invadir a toca da formiga e lá acampar. A formiga pede ajuda à polícia e esta informa que não dispõe de efectivo para atender ocorrências desta natureza e que também por orientação do Secretário de Segurança que deseja evitar confrontos com os "Sem Toca".
A formiga entra com uma acção na justiça para obter a devolução da toca, mas é negado, o juiz invocou um novo ramo do direito, "O Económico" e sentencia que a formiga não provou a produtividade da toca. O Ministério da Reforma Agrária desapropria a toca da formiga, por não cumprir a sua função social, e entrega-a à friorenta e desnutrida cigarra.
O Ministério da Justiça descobriu que a cigarra foi presa no passado, por promover algumas greves, assaltos e sequestros (aliás chamados de crimes políticos), e conseguiu a sua inclusão no grupo dos perseguidos políticos com direito à indemnização e pensão vitalícia. E o verão está de volta. As formigas trabalham e as cigarras cantam e dançam...

Por estas e por outras é que este blog vai estar encerrado cerca de uma semana. Mas não desitam de o visitar. Obrigado.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

2 comentários:

  1. Olha não te molhes nem tenhas nenhuma ruptura. Senão ficas sem birras por uns tempos. Livro vamos ter lá para Novembro, 11 pode ser!

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  2. Olha, e já agora vai ver o meu novo blog, SIRIPIPI. Talvez mates saudades! Bonne voyage!

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