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10 de fevereiro de 2006

Uma estória verdadeira(58)


Levantados como habitualmente, depois dos que têm mesmo que ir trabalhar que as férias não é para todos, lá matabichamos principescamente, não só na comida como na sempre simpatia acompanhante. Co-pilota lá teve que ir em Serviço com uns cambas. Andaram nem sei por onde que eu e Ti fomos na nossa vadiação que a gente tem poucos momentos de liberdade condicionada. Passámos na SISTEC, estivemos mesmo sentados no PC para saber notícias e se calhar dar algumas mas como estamos mesmo embriagados com a visita que nem uma ideia surgiu assim na mente. Aproveitámos e comprámos uma pen, daquelas coisas que guarda as coisas assim como um disco e que ainda por cima tinha leitor de mp3, pelo que foi combinado logo se gravar música para a viagem que havíamos de fazer até Luanda e descarregar as fotos que a capacidade estava esgotada na máquina. Saber a data é que a gente não sabia. Se estava ali tão bem que ninguém, acho, estava a pensar sair dali. Dali fomos mesmo visitar uma carcamana lá na fábrica da N’Gola e nos foi servido café porque lá dentro não se pode beber bebida com álcool. Até parece visitar Roma e não ver o Papa. Coisas! Nos disseram que a fábrica vai ser aumentada, falámos de coisas da vida e da família, bebemos o café e dali fomos outra vez na Casa Verde beber uma imperial da N’Gola que é mesmo boa para caramba.
Voltámos ao ponto de partida para ir buscar a co-piloto que havia saído em serviço com a Senhora Directora de qualquer coisas que não vem aqui ao caso já que eu não fui e não sei mesmo onde foram. Fomos ainda no Governo Civil para falar com um camba mas o que a gente acabou mesmo por ver fui um Espanhol, mesmo de Espanha, que andava há 3 anos de bicicleta e saíra de Madrid e rumo à cidade do Cabo, e queria era descansar. Tem gente que tem mesmo doideira na tola. Com avião, carro, vai fazer essa coisa de bicicleta cujo o motor é mesmo só duas pernas que a gente tem e que serve é para andar não é para fazer força assim a dar voltinhas numa pedaleira. Mas bicicleta toda artilhada, ele era mochilas, GPS e água. Homem do catano. Mas ele escolheu bom sítio para repousar. Quantos dias não nos disse só mesmo porque também ele não sabia. Eu e Ti andámos por aí. Fomos ver perto de onde eu havia apanhado vacinas nos tempos em que avó obrigava a isso, uma avilos a fazer estátuas em pedra sabão e outros a fazer pinturas. Assim mais ou menos como uma feira, cooperativa de artesanato. Mas chamar pedra sabão mesmo porquê? Mais uma pergunta que ficou por fazer lá no sítio. Escolhi um Pensador e dali fui pôr o selo para mais tarde transportar. Mas apetecia comprar mesmo uns quadros, assim como colecção, de Imbondeiros. Até tinha imbondeiro de biquini azul. Mas a grana não dava pelo que se ficou mesmo só na vontade. Meti conversa com menino de venda na rua. Falámos para aí uma hora ou coisa parecida. Conversámos e fiquei mesmo a saber muita coisa da vida dele. Há uma vontade de mudar de vida mas ainda há uma vida para mudar que ele é novo. Pensamento rápido, resposta rápida. Falámos e nos gostámos uns do outro e mais nada que eu já lhe tinha dito que comprar era coisa mesmo que eu não queria e ele aceitou conversar. Ele é do Bailundo e foi ali na grande cidade tentar a sua sorte mas sem cansar. Mas não pode ser. Pode, tem tempo mais lá para a frente para trabalhar. Conclui que estava à frente de mim um filho da luta, uma pessoa que ainda tinha muito que pedalar na frente da vida para aprender que a guerra acabou e que agora há que arregaçar as mangas e dar o corpo ao manifesto.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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