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9 de fevereiro de 2006

Uma estória verdadeira(57)












Se janta cedo porque hoje tem bola aí na televisão. Joga mesmo o Benfica com não sei quem porque a minha memória não dá para tudo e tem que guardar espaço para coisas mais importantes. Afinal mesmo devia era ter decorado o nome da outra equipe já que o Benfica saiu assim como águia depenada que até parece galinha, e pelos vistos o outro é que era importante. Má opção, foi mesmo isso. Gargalhámos porque senhora directora é toda ela do Benfica e ficou assim parece tem muito ácido no estômago e outros tantos muitos só lhe davam música para a desanimar. Coisas de quem gosta de sofrer. A culpa ainda foi do Ti porque mexeu no galináceo que estava em cima da televisão e deu azar. Ainda hoje acho que se acontece alguma derrota no Benfica a culpa foi de alguém ter mexido no galináceo de cristal e ele nem com água do Cunene, Caculevar ou Bero se vai desembruxar mais. Mas isso não é para aqui nem achado nem chamado porque não quero nem lembrar quanto mais recordar as caras que lhe vi fazer. Também com o nevoeiro que tem esses dois que nem param de fumar, eu incluído, como é que alguém ia mesmo ver a baliza do adversário?
Mais umas horitas de conversa, mais umas trocas de impressões e ideias. Amanhã é dia de trabalho. Assuntos importantes que me trouxeram aqui não podem ficar colados só num papel porque eu quero ver aquilo que já vi e aquilo que eu agora gostava de ver pela primeira vez. Porque quando a gente tem mesmo aquela idade de parvoíce quer lá saber se a natureza está bonita ou assim como mais não sei quê. Quer é saber se elas olharam na gente com olhos de ver e coisas mais a dar para isso. Agora, que as baterias estão mais fracas já quer ver a obra que esse dito de Arquitecto andou por aqui a fazer. Já vi obras que dizem que são dele que são um espectáculo, como já devem ter reparado e se não o fizeram voltem atrás e leiam tudo outra vez. Agora dá esta mistura de trabalho e ver coisas. E o tempo foge de entre os dedos que parece passador de leite. Me esquecia de dizer que hoje a gente tem que deitar mais cedo porque ali a Adamastor vai dormir também e depois não tem luz para ver o caminho até ao quarto. É verdade que andaram a fazer umas obras aí na rua e a luz se foi pelo que o gerador que dá luz na padaria do lado também dá aqui e como hoje houve futebol ele deu mais um bocadinho, senão faz maia hora e já estávamos à luz da vela. Se eu pudesse escrever o barulho que ele faz vocês que nem conseguiam de ler o que eu tento escrever. Por isso lhe baptizaram de Adamastor, e acho que lhe fizeram mesmo bem. Vamos a correr para a cama que o barulho dele está que a sumir. Assim fizemos e foi mesmo a tempo. Mais ou menos 3 da manhã parecia a guerra tinha começado outra vez. Co-pilota dá um salto parecia tinha mola no corpo. Era só mesmo trovoada que estava a cair mesmo em cima da cabeça que é como quem diz na cidade. Se o Tico na estrada da Lucira andasse como o coração dela está agora te vou dizer que a gente tinha mesmo voadao. Mas te vou contar que não tem barulho mais igual que nem esse. Se fosse dia eu ia na rua apanhar com essa chuva no lombo e lavar até na alma. Mas na noite tem muito parece é fotógrafo e fica assim como que arrepiado com medo, noite de discoteca com a luz faz a gente parece está a andar aos saltos e som da bateria a parecer entrar assim dentro do ouvido que até parece o timpano está a estalar. Portanto esta noite ainda foi mais curta que as outras. Vais ver que ainda te habituas a não deitar, pelo que se vai ficar com mais tempo para ver o mundo.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

2 comentários:

  1. CARLOS :

    Deixa-me cheirar esse chão lavado ...
    Deixa-me sentir esse medo arrepiado...
    Deixa-me rever esse mundo por mim perdido e por ti reencontrado.

    Sérgio de Oliveira

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  2. Espero, Sergio, que estejas a 'saborear' esta viagem. Ela é tua também, deix~-te levar na imaginação.

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