Primaverou-se aqui o tempo e lá no meu sul me dizem está quente também. Vesti uma camisa fina e me sentei a olhar o zulmarinho. Faz tempo eu não tinha esta felicidade nem possibilidade de tranquilamente deixar o meu cérebro navegar nesse azul ondulado que me liga ao meu sul. Ondinha a ondinha lá vou eu regressando ao meu estado mental preferido.
Vou falar do eu ser criança? Não. Hoje não estou para aí virado. Quero mesmo é estar aqui a olhar e deixa-me imaginar que só posso ser má pessoa numa estória mal contada, num enredo mal desenhado, num drama inventado.
Tem gente que nem sabe eu ainda existo, assim como gente que esqueceu eu existi alguma vez. Mas tem gente sabe eu estou aqui, neste lugar vago e grande que se chama vida. Que sinto, riu ou choro como humano que também sou, em constante reparação e afinação.
Primavero-me em cada segundo que possa.