Olha-me só eu a caminhar, até parece não tenho destino, até parece eu me perdi nos longes anos da vida. Mas na verdade sigo a estrada desenhada, rabiscada e por vezes improvisada. Sinto-me feliz por ter chegado aqui, orgulho por caminhar ao lado de quem caminhei, pisado o chão que tantos outros conhecidos pisaram. Sinto-me feliz por ter existido neste tempo e na forma como sou. Por acreditar-me eu continuo no caminho, seguindo os meus passos numa valsa ou passo doble, pouco me importando a música desde que não me entortem a sala. Não me desisto nem consigo imaginar-me a deitar a toalha ao chão, gesto indelicado e de extrema fraqueza. Posso mudar de rumo, posso sair da estrada, posso inventar carreiro, mas desistir não.
Rádio Portimão
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