Já foi tempo em que o tempo se dividia entre a noite e a madrugada. O restante era para dormir ou cumprir obrigações, sem a mínima vontade de as memorizar, ao ponto de não me lembrar o que fazia nesse interminável tempo que mediava entre a madrugada e a noite seguinte.
Hoje tudo é diferente, os tempos são diferentes e diferente é a velocidade com que me apetece gastar o tempo.
Na madrugada o mundo estava silencioso, tranquilo e tranquila estava a alma. Na noite se aqueciam motores em acesas discussões sobre tudo e quase nada, oleando-se a garganta com birras geladas ou tónicos de 40 graus. Éramos cultos, estudávamos assuntos que haviam ficado pendurados numa noite anterior, levávamos a sério toda e qualquer palavra proferida. Hoje o tempo corre veloz, qualquer coisa que sirva para telefonar tem uma enciclopédia lá dentro e rapidamente cai no esquecimento até a cara do parceiro de conversa,
Hoje tenho tempo para pensar, ver o mar e gastar palavras em papel virtual. Já sobra pouco tempo para ter tempo para dialéticas discussões.
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