Vou fazer mais como? Se escrevo uma carta, não sei a morada do remetente e não posso pôr no correio. Não sei o e-mail, não posso mandar. Não sei onde lhe encontrar e não lhe posso entregar em mão. Mas a verdade é que o que lhe tenho a dizer é simples e se calhar nem ela quer saber. Eu te derrotei. Eu te apaguei da minha cabeça. Meio século depois eu te arrumei a um canto do meu esquecimento. Toda a gente pensava eu sofria de desamores incuráveis, corrosivos e impossíveis, mas eu te superei e te esqueci. Tudo numa noite, meio século depois. Acordei e sorri. Estava livre duma amarra que me amarrava nos pesadelos insondáveis da memória, nos arrepios das recordações irrecordáveis. Sobrevivi e te arrumei para um canto onde bolorás no esquecimento. A memória tem destas dores e recantos, esta capacidade de arrumação e amarração. Eu te destruí antes de ser destruído pela saudade, mesmo que haja momentos em que eu pense nesse estado de espírito. Eu vou ver se tenho tempo para recuperar este tempo em que me destruí no sabor alegre de viver.
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