A Minha Sanzala

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22 de março de 2024

agradeço ao tempo o tempo que vivi

Faz tanto tempo e eu ainda sinto tanta falta. Estás quase a fazer anos, deves estar grisalha, uma ou outra ruga. Deves manter-te esguia, costas direitas, cara fechada para não mostrares o que te vai na alma. Hoje acordei e senti falta de te olhar. Fui à varanda mas tu não estavas na tua varanda. Já não temos as nossas varadas. Já não há varandas porque não temos tempo de estar ali a saborear o amanhecer ou o pôr-do-sol. 
Na verdade tu não envelheceste nada. Mantenho-te na minha memória com os teus vinte anos pois nunca mais te vi, nem uma foto tua apareceu no meu horizonte. Por artes mágicas, neste mundo que dizer ser pequeno nunca mais nos cruzámos e eu não sei envelhecer memórias por isso tenho-te na minha cabeça tal qual a última vez te vi.
Tudo isto a propósito de que eu tenho saudades de tudo o que me marcou na vida e, embora estes anos todos tenham passado, eu não posso esquecer que foste tu que me fez ser mais do que aquilo que parecia ser o meu destino.


Sanzalando

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